Suzana Toscano
Que País maravilha!, tão
preocupado com os pobres e com a justa distribuição da riqueza, troca subsídios
como quem troca as cartas num baralho, tira e volta a dar, são sempre trunfos
na manga, com um subsídio resolve-se tudo a contento sem mudar realmente nada.
Foi agora a vez de se anunciar um subsídio ainda não baptizado mas que podemos chamar de
insuficiência de renda, destinado a não deixar morrer na miséria os
empobrecidos senhorios de casas com renda congelada há mais de meio século. O
truque é simples. Com o fim do regime de transição das rendas congeladas para o
mercado livre, previsto para o próximo ano, o Governo teria que legislar sobre
a atribuição de um subsídio de renda para ajudar os inquilinos pobres a
suportar a diferença para as novas rendas devidas ao senhorio. Mas isto saía
caro, e era complicado, como adiar tudo e fingir que se resolveu o problema? Lá
se terão feito as contas e concluído o óbvio, que deve haver mais inquilinos
pobres do que senhorios ainda dependentes das rendas congeladas para viver.
Ou seja, entre dar subsídio
para renda aos inquilinos pobres ou subsidiar os senhorios que não possam
sustentar o inquilino, sai mais em conta ir por estes, pelo menos abate ao
subsídio a renda que já recebe, e fica “assim garantida a casa e a renda também". O mais certo é não gastar
nada, nem com as rendas, nem com os senhorios. Não gasta com as rendas porque
ficam congeladas mais 5 anos, até ver. Não gasta com os senhorios porque devem
contar-se pelos dedos os que, sendo pobres, ainda não venderam ao desbarato as
casas arrendadas que tinham que sustentar.
E assim, com este passe de
mágica, o País maravilha mantém os senhorios a subsidiar as rendas e cria o
subsídio de insuficiência de rendas para os senhorios, abrindo mais um
guichet na Segurança Social para atender os novos pedintes e avaliar
criteriosamente a sua condição de recursos.
Imaginação não falta, decisões
sérias sim.
Título e Texto: Suzana Toscano, 4R – Quarta República, 25-10-2016
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