Luciano Ayan
Não concordo com o argumento
dizendo que “a esquerda” saiu perdendo nessas eleições. O erro decorre de
cairmos em uma camisa de força verbal criada pela extrema-esquerda, que, no
fundo, foi a grande derrotada nessa eleições. Já os partidos de esquerda moderada
e de centro-esquerda saíram fortalecidos.
Essa não é uma má notícia para
uma direita pragmática, que precisa finalmente começar a ter candidatos de
direita, mesmo que alguns deles ocupem espaços em partidos de esquerda. É o
caso de João Doria e Nelson Marchezan Junior, que decididamente são candidatos
de direita, mesmo estando no partido esquerdista PSDB.
O primeiro trabalho para a
direita pragmática é nos livrarmos da extrema-esquerda. Nisto, ainda temos
muito trabalho pela frente para evitar que eles não retomem o protagonismo em
2018 e 2022. Mas as eleições de 2016 já foram um ótimo passo neste sentido.
Em seguida, o trabalho da
direita é começar a viabilizar ainda mais candidatos na linha de Marchezan e
Doria. Enquanto esse trabalho está apenas no início, podemos nos conformar com
o fato de que as eleições atuais foram dominadas pela centro-esquerda e pela
esquerda moderada. Assim, não tivemos uma derrota “da esquerda”. Nem era esse o
foco para um primeiro momento.
É importante nomear as coisas
como elas são. Nosso problema atual é lutar contra a extrema-esquerda, que não
pode ser definida como “a esquerda”.
O truque da extrema-esquerda
ao se definir como “a esquerda” é posicionar candidatos de centro-esquerda e
esquerda moderada como “de direita”. Acreditar nisso é cair em uma ilusão e nos
conformarmos com pouco, quando na verdade ainda há muito trabalho no longo
caminho de termos o estabelecimento de uma direita no Brasil. Esta direita,
aliás, precisa se acostumar a nomear partidos como PT, PCdoB, PSOL, Rede e PDT
como extrema-esquerda, e não “a esquerda”.
A diferença é clara. A
esquerda é avaliada pela luta pelo poder com base em estados inchados. Mas a
extrema-esquerda depende do mesmo tipo de poder, só que em estados, além de
inchados, totalitários. Dizer que estes últimos são “a esquerda” fazem com que
percamos a percepção da diferença entre lutar ou não pelo totalitarismo (como
eles fazem). Sem a capacidade de percepção, nossa luta contra os totalitários
perde eficiência.
Assim, esta eleição não marcou
uma derrota da esquerda, mas da extrema-esquerda.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 30-10-2016
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Não foi só a extrema-esquerda que levou uma lavada, a "Cultura", a soberba dos 'universitários' e a arrogância de comentaristas, jornalistas e quejandos também foram levados pela... lavagem!
ResponderExcluirOxalá aconteça o mesmo nos EUA no próximo 8 de novembro! A ver iremos!