José Miguel Roque Martins
Sou um liberal num país com um centro de
gravidade à esquerda. É por isso natural que sempre tenha achado que a mídia,
em geral, reproduz uma agenda esquerdista
Sempre ouvi três teorias da
conspiração que tentavam explicar esse fenômeno. Uma, que caiu tragicamente com
o muro de Berlim, apontava para o papel dos serviços secretos soviéticos, que
garantiam a troco de dinheiro ou de formas ainda mais tenebrosas, uma narrativa
conveniente aos seus propósitos. A outra, que a classe jornalística era
dominada por intelectuais de esquerda barbudos que impediam, os liberais,
moderados ou conservadores de aceder à ribalta informativa. Finalmente, o
pagamento de favores ao partido no poder, por benesses e avenças concedidas,
sempre foi outra tese muito popular.
A verdade quanto a mim é outra
e é ditada pela economia de mercado. São os Portugueses que são de Esquerda. E
por isso preferem jornalistas e notícias que alimentem as suas convicções,
confirmem os seus preconceitos e preferências. É o mercado, o meu querido
mercado, quem mais ordena, não é nenhuma conspiração. Um qualquer órgão de
informação que contrarie o que a maioria das pessoas pensa e quer ver
consagrado pelas notícias, está condenado ao fracasso. Como candeia que vai à
frente alumia duas vezes, a mensagem que consagra inspira novas gerações, que
em harmonia com o que ouvem em casa, mantêm a percepção instituída.
Por tudo isto, as leis do
mercado são parcialmente responsáveis pelo ciclo vicioso da pobreza, políticas
de esquerda, mais pobreza, que se eternizam em Portugal. Uma tremenda ironia.
PS: Esta nova crise veio
antecipar novo movimento de consolidação da imprensa, ou seja, o
desaparecimento de alguns meios. Simplesmente o dinheiro disponível para
notícias já não chega para pagar as contas de todos os jornais e revistas. Só
espero que o Observador não desapareça.
Título e Texto: José Miguel
Roque Martins, Convidado Especial, Corta-fitas,
22-4-2020
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