quinta-feira, 23 de abril de 2020

[Foco no fosso] A culpa é das baratas

Câmaras mais caras que baratas

Haroldo Barboza

Imaginamos que no planeta devemos ter perto de 1,2 trilhões de baratas divididas em quase 500 espécies. Que sobreviveram às explosões atômicas que devastaram milhares de humanos ao longo de confrontos inócuos.

Este número não nos assusta enquanto elas se limitam a transitar apenas nos esgotos, terrenos baldios e beiradas de rios com esgoto a céu aberto.

Mas quando duas baratas correm para dentro do nosso armário de alimentos, instala-se o caos no interior de casa. Os mais “medrosos” trancam-se nos quartos e sobem em cadeiras.

Com nojo e cuidado, o habitante “herói” (quem mandou ficar em casa?) vai removendo os pacotes de farinhas, feijões, biscoitos e similares para fora do ambiente com uma das mãos. Na outra, um espanador velho.

Durante este processo, descobrimos uma teia de aranha lá no fundo escuro do compartimento, onde a mão de uma criança não alcança. Antes da teia percebemos um aglomerado (pode?) de formigas (1 mm) dissecando o cadáver de um mosquito amigo (que não transmite dengue). E uma abelha morta na fila para servir de sobremesa do jantar para a rainha do formigueiro próximo.

Enquanto futucamos as frestas para que as baratas se movam e possamos atingi-las com o spray de “X-gon”, anotamos mentalmente que o armário deveria sofrer limpeza regular, tipo a cada quatro meses. E este está com aspecto de que não sofre higienização há quase dois anos!

Bem, já que o corona nos prendeu em casa, é hoje que nós vamos limpá-lo. Vamos até forrá-lo com “contact” que sobrou da decoração dos quartos das crianças.

Ainda bem que não abrimos este armário na frente do cunhado desempregado que esteve aqui na semana passada. Seria uma vergonha para a família se uma barata pulasse de lá sobre o nariz de nosso visitante. Suponha que ele abrisse um processo de tentativa de contaminação?

Dentro desta lógica, percebemos por que desejam esticar a “sem-data-tena” do corona. É para não abrir os “armários” da saúde pública que está precisando uma faxina (administrativa) desde a metade do século XX.

E para finalizar, nos perguntamos:

Existe algo mais danoso do que uma legião de baratas invadindo nossas casas?

Claro que sim. Mais de 70% de legisladores (associados a alguns executivos e outros tantos membros do judiciário) corruptos desviando verbas destinadas às “faxinas” regulares em cada área social.
Título e Texto: Haroldo Barboza, Rio de Janeiro, 22-4-2020

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