O presidente apelou a todos que respeitem a
Constituição
Andreia Verdélio
O presidente Jair Bolsonaro
disse hoje (30) que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), de suspender a nomeação do delegado Alexandre Ramagem
como diretor-geral da Polícia Federal (PF) foi política e “quase” criou uma
crise institucional entre os poderes.
“Tirar numa canetada,
desautorizar o presidente da República dizendo em impessoalidade. Ontem quase
tivemos uma crise institucional, quase, faltou pouco. Eu apelo a todos que
respeitem a Constituição”, disse. “Eu não engoli ainda essa decisão do senhor
Alexandre de Moraes, não engoli. Não é essa forma de tratar o chefe do
Executivo”, ressaltou ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta
quinta-feira.
O presidente informou ainda
que sua assessoria vai procurar a equipe de gabinete de Moraes e espera que o
ministro do STF se pronuncie sobre a permanência de Ramagem como diretor-geral
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que ocupa desde o começo
deste governo.
“O senhor vai retirar o
Ramagem da Abin, que é tão importante quanto o diretor-geral da PF? Se não pode
ter a confiança para trabalhar na PF também não pode trabalhar na Abin. É
questão de coerência”, disse Bolsonaro. “Queremos o respeito de dupla mão entre
os poderes. Então o senhor Alexandre de Moraes tem que decidir imediatamente se
o senhor Ramagem pode ou não continuar à frente da Abin.”
Ramagem é próximo da família
do presidente e atuou em sua segurança pessoal, após a vitória no segundo turno
das eleições. “A amizade não está prevista como cláusula impeditiva para alguém
tomar posse”, disse. “E é uma pessoa competente, segundo a própria PF, e daí a
relação de amizade. A minha segurança pessoal só não dormia comigo. E por que
eu não posso prestigiar uma pessoa que eu conheci com essa profundidade? É a
relação de confiança”, argumentou o presidente.
Na manhã de ontem (29), o
ministro Alexandre de Moraes decidiu suspender o decreto
de nomeação e a posse do delegado Alexandre Ramagem como novo diretor-geral da
Polícia Federal (PF). Na decisão, o ministro citou declarações do ex-ministro
da Justiça Sergio Moro, que ao deixar o cargo na semana passada acusou o
presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF.
Após a suspensão, o presidente
tornou sem efeito a nomeação de Ramagem. E hoje, Bolsonaro disse que a
Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer da decisão de Moraes. Já a AGU
informou que não vai se manifestar sobre o caso por enquanto.
A Agência Brasil entrou
em contato com a assessoria do STF e aguarda posicionamento.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Narjara Carvalho – Agência Brasil, 30-4-2020, 10h29
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