Prefeito defende medida diante da evolução
do coronavírus
Cristina Índio do Brasil
O prefeito do Rio de Janeiro,
Marcelo Crivella, editou hoje (17) um decreto determinando a obrigatoriedade do
uso de máscaras de proteção a todas pessoas que estejam fora de casa. Crivella
disse que a medida é necessária diante do quadro traçado de evolução dos casos
da doença nas próximas duas ou três semanas e da falta de leitos de UTI
suficientes na rede municipal.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasl |
A medida foi proposta pelo
Comitê Científico, que se reuniu hoje (17) para analisar o cenário de
contaminação pelo novo coronavírus (covid-19) na cidade. De acordo com o
prefeito, no início da crise o comitê, observando o cenário internacional,
avaliou que havia necessidade de 900 leitos clínicos e de quase 400 de UTI na
cidade.
“Por isso, é tão importante a
gente também pedir, sobretudo agora que as curvas mostram uma inflexão maior,
que todos usem máscaras. A prefeitura já vai adotar como regra do prefeito ao
gari. Todos nós vamos usar máscaras, guardas municipais, os funcionários que
estão respondendo expediente. Saiu na rua, coloca a sua máscara para evitar o
aumento da contaminação e, principalmente, nesses próximos dias. Nos preocupa
muito essas duas, três semanas à frente. Nós acreditamos que depois nós
tenhamos vencido o pior da nossa crise. O pior terá passado, sobretudo porque
já teremos montado nosso hospital de campanha e também o [Hospital Ronaldo]
Gazolla funcionará a pleno vapor”, disse o prefeito.
Leitos privados
Crivella anunciou ainda que a
prefeitura vai contratar leitos privados para os atendimentos enquanto os
hospitais destinados a pacientes infectados não ficarem pontos. “Nesse período
em que ainda não ficou pronto o Hospital de Campanha e o Gazolla, vamos lançar
um edital. Vamos fazer internações também em leitos privados. Não vamos
arrestar. Vamos pagar o mesmo que o governo federal estipulou, para termos
garantia de que esse momento de colapso não vai chegar. Agora é fundamental”.
Isolamento
Crivella anunciou ainda que a
prefeitura vai manter o isolamento social. Para ele, essa é única alternativa
no momento para a cidade diante da previsão do aumento dos casos e falta de
vagas de UTI. “A nossa preocupação é de que se não mantivermos o afastamento
social, a curva se acelera. Hoje, por exemplo, nós chegamos a ter quase 90% dos
leitos de UTI ocupados e isso é uma coisa que preocupa a nós todos. Temos 90%
dos eleitos de UTI ocupados. Como podemos diminuir essa pressão na nossa rede? Precisamos
que as pessoas mantenham o afastamento social nestes próximos dias”, alertou.
Segundo o prefeito, a situação
deve melhorar quando forem abertos cerca de 300 leitos de UTI, que começarão a
funcionar com a chegada de respiradores comprados pela prefeitura no ano
passado. “Daqui a pouquinho poderemos abrir 300 leitos de UTI, quando chegarem
os respiradores. Não serão mais os 90%, vamos cair para bem abaixo disso.
Precisamos tratar das pessoas e temos visto que no [Hospital Ronaldo] Gazolla o
tratamento tem sido exitoso. Nós tivemos já na rede toda bem mais de 400 altas.
O que não podemos ter, são pessoas buscando leitos de UTI no hospital e não ter
leito porque está tudo ocupado. Então é muito importante pedirmos o tempo às
pessoas para manterem o afastamento social”, destacou.
Para reforçar o apelo à
população pela manutenção do isolamento social, Crivella chegou a fazer uma
comparação com a Arca de Noé. “Fazendo aqui uma comparação, estamos construindo
a nossa arca. Não é possível que, por imprudência, a gente adiante o dilúvio.
Nós temos que estar com a arca pronta quando o dilúvio chegar, que é o ponto
máximo de inflexão da nossa curva de contaminação”
Comunidades
O Comitê Científico sugeriu o
estudo de novas medidas a serem implementadas para que não diminuíssem, em
hipótese alguma, os números calculados pela Coppe de 70% na redução de
circulação nas ruas e 80% nos transportes. “Essa, infelizmente, não é a
realidade nas nossas comunidades. Nas comunidades não está havendo o
afastamento social que nós tanto preconizamos. Um dado que nos preocupa muito é
que, nesse momento, ainda aguardamos os equipamentos que compramos no ano
passado e estão para chegar nos próximos dias”, alertou o prefeito para a
situação das comunidades, onde o isolamento social não tem sido respeitado.
Escolas
O prefeito disse que não há
previsão de quando serão reabertas as escolas. Crivella disse que respeita a
preocupação do presidente Jair Bolsonaro, que manifestou o desejo da volta às
aulas, mas que a cidade não tem condição, no momento, de voltar com o
funcionamento das escolas.
“A esperança do presidente da
República é a esperança de todos nós. Gostaria também de abrir as escolas,
porque não é só no Brasil, não. No mundo inteiro não tem crianças que morreram
[por causa da doença] a não ser as que tinham comorbidade, mesmo assim, um na
face da Terra. Mas nós temos problemas com os professores, com as merendeiras,
com os funcionários".
Comitê
O Comitê Científico é composto
por diversos profissionais que avaliam os impactos da doença na cidade, entre
eles médicos com mais de 30 anos de experiência e matemáticos, que avaliam a
evolução das curvas dos casos registrados e de contaminação.
Titulo e Texto: Cristina Índio do Brasil; Edição:
Fernando Fraga – AgênciaBrasil, 17-4-2020, 18h03
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-