Carina Bratt
Meu bisa
gostava muito daquele compositor de Saudosa maloca, o Adoniran Barbosa e costuma dizer e não só dizer, aplicava na
praticidade do dia a dia, uma frase que dizia mais ou menos assim: “bom de
briga não é aquele cara que se mete em confusão, ou que se envolve numa
discussão. Bom de briga é aquele espertalhão malandro que espia de longe,
assiste a contenda e cai fora”.
Ao que eu
acrescentaria. E leva junto, o seu bem maior e mais precioso. A vida. Tenho
vários amigos e amigas que se diziam ser bons de briga, os “bambas” em
linguagem corriqueira, os donos do pedaço e hoje estão morando em cemitérios de
periferias. Sem precisar acrescentar que eles almoçam e jantam capim pela raiz
e tomam água não potável, mas da chuva, em pleno rosto. Imaginem os que usam
óculos...
Quando estou
fora de casa, seja passeando na rua, ou fazendo compras, seja no mercado ou na
farmácia, e percebo o início de um bafafá se avizinhando, digo de mim para
comigo: certamente isto acabará em estrondosa arruaçada e chinfrinada
barafunda. Me vem à mente que, nestas ocasiões, o melhor a se fazer é passar a
mão na nossa coragem, na nossa curiosidade, principalmente nele, o tal do (intrometimento)
e cair fora. Rachar no trecho. Rachar no trecho prolonga a alegria de estar
vivo.
As
abelhudices que não nos pertencem, dizem os antigos, mataram o gato. Apesar de
ele ter sete vidas. Sou, portanto, por
natureza, pacata, precavida, precatada, resguardada do que não me diz respeito.
Procuro me escudar naquele antigo e sábio Provérbio judaico: “se você não pode
morder, não mostre os dentes”. Imaginem
as criaturas que os têm em números poucos na boca, tipo assim, escasseados (e a
maioria estragados ou careados...).
Como
conseguiriam morder? Ou pior, como fariam na habitualidade cotidiana, para os mostrarem
a quem fosse preciso? De mais a mais, minhas
caras amigas, tenham em constante alerta. Se abocanhar resolvesse alguma coisa,
muitos cachorros de madame e de cavalheiros estariam, hoje, vivendo como
nababos, puxando seus donos e donas pelas coleiras e o mais cômico, os
alinhando de maneira que fizessem xixi nos postes.
Ser bom de
briga é entender que “as interpretações diferentes de uma coisa diferente estão
ligadas ao mesmo acontecimento que às vezes não parece ser diferente, mas, na
realidade é”. Entenderam? Quem disse essa frase magnífica foi o saudoso
escritor Leon Eliachar. Evitemos, portanto, os conflitos e as picuinhas.
Passemos
longe das fofocas; fujamos das discussões. Sempre. Proximidades sem conflitos,
sem abalos e arruaças existem apenas onde as pessoas se reúnem de pés juntos e
dormem o sono justo dos eternos falecidos. Grosso modo, a famosa “dormidinha”
daqueles que passaram desta para melhor. Eu mesma, queridas amigas e leitoras,
sou boa de briga. Como assim?!
Penso como a
Virginia Mello: “a vida me ensinou a não revidar o tapa, quando a briga ainda
nem começou. Não devolver a ofensa, quando a única consciência tranquila só
pode ser a minha própria consciência. O caminho é longo, mas o passo que vem de
dentro é maior”. Fiquem na paz e com
Deus. Até domingo que vem.
Título e
Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo. 19-7-2020
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Saiba que o único trecho que gostei é aquele que fala dos poucos dentes, ou dos dentes que faltam, ou daqueles cujos canais poderiam ser tratados e são arrancados por pura falta de ajuda.
ResponderExcluirDENTES QUE FALTAM EM QUASE 70% DE NOSSO POVO.
Aliás é esses 70% que se matam , porque os sãos de dentes matam mas não vão presos.
DENTISTA É ARTIGO DE LUXO, TIPO ARMANI OU PIERRE CARDIN ATÉ PARA CLASSE MÉDIA.