domingo, 19 de julho de 2020

[As danações de Carina] Ser bom de briga vale a pena?!

Carina Bratt

Meu bisa gostava muito daquele compositor de Saudosa maloca, o Adoniran Barbosa e  costuma dizer e não só dizer, aplicava na praticidade do dia a dia, uma frase que dizia mais ou menos assim: “bom de briga não é aquele cara que se mete em confusão, ou que se envolve numa discussão. Bom de briga é aquele espertalhão malandro que espia de longe, assiste a contenda e cai fora”.

Ao que eu acrescentaria. E leva junto, o seu bem maior e mais precioso. A vida. Tenho vários amigos e amigas que se diziam ser bons de briga, os “bambas” em linguagem corriqueira, os donos do pedaço e hoje estão morando em cemitérios de periferias. Sem precisar acrescentar que eles almoçam e jantam capim pela raiz e tomam água não potável, mas da chuva, em pleno rosto. Imaginem os que usam óculos...

Quando estou fora de casa, seja passeando na rua, ou fazendo compras, seja no mercado ou na farmácia, e percebo o início de um bafafá se avizinhando, digo de mim para comigo: certamente isto acabará em estrondosa arruaçada e chinfrinada barafunda. Me vem à mente que, nestas ocasiões, o melhor a se fazer é passar a mão na nossa coragem, na nossa curiosidade, principalmente nele, o tal do (intrometimento) e cair fora. Rachar no trecho. Rachar no trecho prolonga a alegria de estar vivo.

As abelhudices que não nos pertencem, dizem os antigos, mataram o gato. Apesar de ele ter sete vidas.  Sou, portanto, por natureza, pacata, precavida, precatada, resguardada do que não me diz respeito. Procuro me escudar naquele antigo e sábio Provérbio judaico: “se você não pode morder, não mostre os dentes”.  Imaginem as criaturas que os têm em números poucos na boca, tipo assim, escasseados (e a maioria estragados ou careados...).

Como conseguiriam morder? Ou pior, como fariam na habitualidade cotidiana, para os mostrarem a quem fosse preciso?  De mais a mais, minhas caras amigas, tenham em constante alerta. Se abocanhar resolvesse alguma coisa, muitos cachorros de madame e de cavalheiros estariam, hoje, vivendo como nababos, puxando seus donos e donas pelas coleiras e o mais cômico, os alinhando de maneira que fizessem xixi nos postes. 

Ser bom de briga é entender que “as interpretações diferentes de uma coisa diferente estão ligadas ao mesmo acontecimento que às vezes não parece ser diferente, mas, na realidade é”. Entenderam? Quem disse essa frase magnífica foi o saudoso escritor Leon Eliachar. Evitemos, portanto, os conflitos e as picuinhas.

Passemos longe das fofocas; fujamos das discussões. Sempre. Proximidades sem conflitos, sem abalos e arruaças existem apenas onde as pessoas se reúnem de pés juntos e dormem o sono justo dos eternos falecidos. Grosso modo, a famosa “dormidinha” daqueles que passaram desta para melhor. Eu mesma, queridas amigas e leitoras, sou boa de briga. Como assim?!

Penso como a Virginia Mello: “a vida me ensinou a não revidar o tapa, quando a briga ainda nem começou. Não devolver a ofensa, quando a única consciência tranquila só pode ser a minha própria consciência. O caminho é longo, mas o passo que vem de dentro é maior”.  Fiquem na paz e com Deus. Até domingo que vem.

Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo. 19-7-2020

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Um comentário:

  1. Saiba que o único trecho que gostei é aquele que fala dos poucos dentes, ou dos dentes que faltam, ou daqueles cujos canais poderiam ser tratados e são arrancados por pura falta de ajuda.
    DENTES QUE FALTAM EM QUASE 70% DE NOSSO POVO.
    Aliás é esses 70% que se matam , porque os sãos de dentes matam mas não vão presos.
    DENTISTA É ARTIGO DE LUXO, TIPO ARMANI OU PIERRE CARDIN ATÉ PARA CLASSE MÉDIA.

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