quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Educação para as mídias"?! Que se ensine, e bem, antes de tudo, o português!

Peter Wilm Rosenfeld
É sabida e reconhecida por todos a brutal degradação do ensino no Brasil.
De um lado, porque onde há escolas a qualificação dos professores decaiu muito em comparação com o que existia no passado.
De outro, porque a má remuneração dos professores fez, e continua fazendo, com que os mestres tenham que lecionar em mais de um, por vezes em vários estabelecimentos, o que faz com que não tenham tempo para tratar de tantas outras coisas que envolvem o trabalho de um bom mestre.
Ainda há que reconhecer que em alguns governos houve a tentativa de introduzir sistemas de ensino demasiadamente politizados, que tinham como primeira missão a de  catequizar os alunos, principalmente no  comunismo.

Paulo Freire
O mais notório exemplo que me vem à memória é o do “sistema” de Paulo Freire, que procurava politizar os alunos enfatizando idéias que o comunismo professava.
Lembro que, em meus anos de ensino primário, no final da ditadura Vargas, foi instituído o Centro de Instrução Pré-militar (CIP), que ensinava às crianças os fundamentos de um comportamento militar: obediência, respeito, hierarquia, etc. De triste memória, asseguro.
Usávamos uniformes cáqui, marchávamos, tínhamos carteirinhas; nossos instrutores eram tenentes e sargentos do exército.
Há que lembrar que Getulio Vargas era um grande admirador de Hitler; só aceitou o inevitável, apoiar as forças do oeste (Inglaterra, França, Estados Unidos, principalmente), inclusive enviando nossos soldados da Força Expedicionária Brasileira  à Europa e permitindo aos americanos instalar uma base militar em Natal, por contra-partidas americanas, entre outras a instalação de uma indústria siderúrgica (Cia. Siderúrgica Nacional).
Felizmente, esse episódio de nossa história foi superado.
Nos anos subseqüentes, o ensino no Brasil foi excelente, nos três níveis.
Como diz o antigo ditado, “o que é bom dura pouco”, e isso efetivamente aconteceu também com o ensino, especialmente devido à intenção de massificá-lo.
Novamente lembrando de Leonel Brizola, talvez tenha sido o político brasileiro que mais se preocupava com o ensino, principalmente do básico, no sentido de colocá-lo ao alcance de tantos jovens quanto possível.
Como governador do Rio Grande do Sul, espalhou por todo o estado as escolinhas primárias. Havia casinhas brancas, simples, em todos os lugares; centenas, talvez mais de um milhar, delas.
Lamentavelmente esqueceu que a escola só funciona com professores, material (cadernos, lápis, giz, etc.) e serventes para cuidar da limpeza. E não havia isso tudo, principalmente professores.
O mesmo Governador, Leonel Brizola, quando eleito para governar o Estado do Rio de Janeiro, inspirado por outro brasileiro que tinha o ensino na pele, Darcy Ribeiro, construiu os CIEPs.(Centro Integrado de Educação Pública).
Construção em concreto, projeto de Oscar Niemeyer com salas de aula, assistência médica e odontológica, quadras de esporte, refeitórios, etc.
A idéia era de que a criança entrasse na escola de manhã, tivesse aulas, almoçasse na própria escola e praticasse esporte à tarde. Às 16 horas, após um lanche, iria para casa. Perfeito.
Ah, mas novamente esbarrou no problema de professores, material, funcionários(serventes). A falta de preparo e a insuficiência do vil metal, inclusive para manutenção do todo, impediram que o sistema tivesse o êxito esperado.
Voltando aos dias de hoje, retroagindo alguns anos.
Todos os governos, sem exceção, abriram mão da busca pela excelência; preocuparam-se unicamente na massificação. E deu no que deu.
A qualidade do ensino deixa muito a desejar, como já referi. Claro que ainda temos ensino de primeira qualidade, mas muito localizado e em quantidade mínima.
Leio agora que há no Congresso 76 projetos de lei que têm que ver com o ensino, visando a incluir novas matérias no currículo escolar. A surpresa fica por conta do que os nobres parlamentares pretendem que se inclua no currículo: cooperativismo, “educação para as mídias”(?), esperanto.
Realmente, há gente muito ignorante e/ou mal intencionada em nosso parlamento (o que, diga-se de passagem, não é nenhuma novidade. Há muitos “Tiriricas”, trajando outras fantasias, no Congresso...). Aliás, diria que é mais para “e” do que para ”ou”, acima.
A história brasileira, e os dias atuais, registram a excelência de muitas cooperativas brasileiras; nada há que ensinar. “Educação para as mídias” deve ser algo de inspiração do funesto Sr. Franklin Martins ou do sinistro Sr. Paulo Vanucchi; e “esperanto” ?
Para que ? Confesso que há anos sequer ouvi qualquer referência a esse idioma; ao que eu saiba, ele nunca “pegou”, como se diz popularmente.
Antes de me aposentar, viajei muito a trabalho, em grande parte para a Europa. Nunca ouvi qualquer referência, por passageira que fosse, ao esperanto. Garanto que o(s) parlamentar(es) que teve ou tiveram essa idéia estão viajando pelo espaço sideral.
Antigamente a língua universal, e principalmente diplomática, era o francês. De há já bastante tempo até os dias de hoje, o idioma universal passou a ser o inglês, aceito por todos.
Esperanto ? De um ridículo atroz.
Que se ensine, e bem, antes de tudo, o português, tão mal falado Brasil afora. Como idiomas alternativos, inglês e espanhol, ambos de grande importância para o mundo atual, inclusive o Brasil.
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 17 de novembro de 2010  

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