João Bosco Leal
Pelo que tenho observado no relacionamento humano, pessoas mais velhas tendem a se tornar mais intransigentes, ríspidas, ou curtas e grossas como dizem alguns, o que, muitas vezes, acaba desagradando outras.
Dias atrás ouvi de pessoas distintas, ambas com mais idade do que eu, dizerem a interlocutores: “não me traga mais problemas, não quero saber deles” e da outra, ” não me ensine mais nada, pois não quero aprender mais do que já sei”.
No primeiro caso a pessoa não pretendia saber de mais nada a respeito de determinada pessoa, próxima sua, que, como sempre, lhe dava problemas e que inicialmente ela tentava resolver, mas que, aparentemente já cansada, estava chegando à conclusão de que não seria mais capaz de mudar nada, que aquela era uma pessoa adulta, de caráter já formado e que deveria, mais cedo ou mais tarde, começar a arcar com suas atitudes, certas e erradas, pois sendo sempre ajudado, protegido por alguém, nunca aprenderia que seus comportamentos trariam sempre consequências.
No segundo caso, era sobre novas tecnologias, computadores, celulares e outros que ela já usufruía mas que não lhe interessava se aprofundar em nada daquilo, mas simplesmente utilizar o que lhe conviesse, como e-mails, Skype e jogos de passa tempo, no caso do computador, e de simplesmente poder falar ao telefone de onde estivesse, no caso do celular, sem nenhuma utilização a mais para qualquer um desses equipamentos.
Os dois casos me levaram a pensar sobre isso, e a concluir que realmente chega uma idade em que passamos a entender que o que já vivemos, e, por experiência já sabemos, já está de bom tamanho, que vivemos bem assim e que, portanto, não queremos mais nos envolver em muitas coisas que, provavelmente, nos trarão mais angústias que prazeres, nos farão mais mal do que bem.
Claro que o conhecimento nunca é demais, mas entendo que deve chegar uma idade em que não nos interessará mais aprender determinadas coisas, como cálculos no computador. Certamente iremos querer aproveitar o que a informática irá nos propiciar de melhor, dentro dos nossos interesses, para aquela idade, que certamente não serão os jogos eletrônicos, mas provavelmente roteiros de viagens, lugares, livros e cultura em geral.
Os interesses mudam muito com a idade e as pessoas com mais idade, mais vividas e, por isso mais experientes, acabam ficando normalmente mais intransigentes, simplesmente por já saberem exatamente o que querem, e o que não querem da vida.
Por esse motivo penso que devemos sempre levar em consideração, quando tratamos com os mais velhos, que sua intransigência é em defesa própria, para não ser obrigado a fazer nada que não lhe interesse ou, o que já sabe que não gerará bons resultados.
O que de melhor existe na intransigência dos mais velhos, e que deveria nos servir também de exemplo destes, é que nela não há lugar para a falsidade.
Imagem e texto: João Bosco Leal
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