segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quem tem medo do papão do FMI

Ilustração: Bloguear a Pevide
bloguearapevide.wordpress.com/tag/mario-soares/


Gostamos muito mais de olhar para o mundo de forma simplista, como se fosse uma daquelas Tardes de Cinema da minha infância, em que os cowboys bons usavam um chapéu branco e os cowboys maus um chapéu preto, para que sem esforço pudéssemos distingui-los. O que dava, de facto, imenso jeito numa realidade que se pretendia a preto e branco.
Mas há medida que vamos crescendo, aprendemos que os cinzentos fazem parte da vida, e que a maior parte dos problemas são demasiado complexos para se reduzirem a duas cores.
Nesse momento, começamos a exigir que os nossos políticos sejam inteligentes, e que todos os nossos interlocutores, na vida familiar ou profissional, elaborem o raciocínio de forma a distinguirem o seu discurso da chamada conversa fiada, usada para inflamar hostes menos informadas e facilmente manipuláveis. Simplesmente, a crise também é de neurónios, e das Tardes de Cinema descemos agora para o conto infantil, de que a história do FMI é o mais recente exemplo.
Transformado numa ameaça à independência nacional, em lugar de ser apresentado como uma solução meramente técnica, tornou-se rapidamente num papão, com que se assustam as criancinhas (nós, o povo).
O «Vem aí o Papão, para vos comer a todos» passou a ser a forma como políticos se guerrilham entre si, sem se darem ao trabalho de explicar (e de reconhecer uns para os outros) que o facto de o FMI não estar já em Portugal significa basicamente que pagamos mais juros pelo empréstimo do mesmo dinheiro, já que nos falta um fiador reconhecido internacionalmente. E quando se diz mais juros, explicam os especialistas, falamos de milhões de euros, o preço de andarem a brincar com a nossa ingenuidade.
Ah, mas e os cortes salariais, a redução de benefícios na saúde e na segurança social a que nos obrigavam? Mas o leitor tem dúvida de que esses já cá estão?
Isabel Stilwell, Destak, 10-01-2011
Colaboração: Pierre Pereira

Quem mais deve se preocupar com o FMI é quem tanto fala em soberania e outras... vilanias, podes crer!

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