terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma bunga bunga que pode ser fatal

Ferreira Fernandes

No domingo, editorial do jornal italiano Libero, de direita: "Se para combater a esquerda há que pagar o preço de um chefe do governo que toca no rabo de senhoras, não se hesite. Mais vale um velho porco que tantos jovens hipócritas." O jornal defendia Silvio Berlusconi (74 anos). A máxima permissiva "roubo mas faço", em Itália tem tido variante lúbrica: "Que importa que eu bunga bunga, se governo?" Bunga bunga são as festas de Berlusconi que têm caído nas páginas de escândalos. Algumas jovens frequentadoras das "villas" do primeiro-ministro são pagas, mas tudo tem podido ser desmontado com o seu sorriso encantador: "Não sou nenhum santo." Das jovens nunca ficou provado o seguinte: não seriam demasiado jovens? Eis o que muda no escândalo destes dias: Ruby, 18 anos e imigrante marroquina, prostituta que já dormiu nas ruas de Milão, esteve no ano passado em várias bunga bunga. No ano passado ela era menor. Em entrevistas ela diz que ele desconhecia os seus 17 anos. Em telefonemas gravados por procuradores italianos ela diz que ele sabia. Desta vez, Berlusconi não ri: "Até tenho noiva", defende-se. Há 20 anos que ele ganha eleições como nenhum político europeu, mas agora teme ser demitido. Daí esta ironia: a pessoa mais desapossada de direitos cívicos (menor, prostituta e imigrante) pode valer os 50% mais um voto que os opositores do velho Silvio nunca conseguiram.
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 18-01-2011

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