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Imagem: AD |
Carlos Lúcio Gontijo
A poesia não é uma opção para
o poeta verdadeiro, pois ele a traz em si. Ou seja, ainda que não escreva verso
algum, a poesia nele estará. Os bons professores também são assim; professores por
vocação. Talvez pareça estranho ao nosso casual leitor o fato de estarmos tratando
de tema não referente à política, que se nos apresenta como fonte de destilação
de ódio e posicionamentos tão extremistas quanto radicais. Muita gente anda se
aproveitando do espaço democrático possibilitado pela liberdade de expressão
para propagar ideias golpistas e até mesmo, vestida de verde-oliva, bater à
porta dos quartéis.
Sob a certeza de que quando morre
um grande humorista até a lona dos circos verte lágrimas, estamos mais para
reviver o saudoso Chico Anísio, na canção “Como nos velhos tempos”, que ele compôs
em parceria com Nonato Buzar: “Eu quero ver o show do Walter Pinto/Com mulheres
mil/O Rio aceso em lampiões/E violões que quem não viu/Não pode entender/O que
é paz e amor”. Cansamo-nos das moscas do lamaçal político, pois sabemos de onde
elas vêm e do fétido lodo de que se alimentam. Preferimos então louvar os
professores, que são vítimas das ações políticas, que a eles reverenciam apenas
no transcorrer das campanhas eleitorais.
Temos a glória de manter, até
os dias de hoje, uma relação de apreço e amizade com a nossa primeira
professora, Clélia Souto, que está na luta pela impressão de seu livro em prosa
e verso. Clélia foi prefaciadora de nossa obra “Pelas partes femininas” e agora
nos concedeu a prazenteira honra de prefaciar seu lírico “Casagrande”.
Entrar em contato com os professores,
os candeeiros da mente de nossas crianças, adolescentes e jovens, é o mesmo que
contatar, ao vivo e em cores, o descaso de nossos governantes em relação ao
ensino, que não pode receber a devida atenção porque o Estado precisa ostentar
caixa suficiente para pagar e garantir o privilégio dos que nada fazem e nada
produzem em prol da sociedade.
O escritor norte-americano Malcolm
Gladwell grafou que “O sucesso é uma soma de inteligência, esforço, contexto
histórico e oportunidade”. Indubitavelmente, cidadão que não for premiado com a
sorte de acesso a ensino de qualidade assistirá, pela vida afora, à diminuição
de sua possibilidade de atingir ao grau de bem-sucedido, em ambiente
socioeconômico tão seletivo e competitivo no que diz respeito ao mercado de
trabalho.
Nossa querida professora aposentada
Clélia não obteve do governo mineiro a merecida contrapartida salarial por seu
empenho na busca de aprimoramento profissional, predicado que a levou a cursar
faculdade de pedagogia. A única recompensa de Clélia Souto, assim com a de
praticamente todos os professores, é o reconhecimento de seus ex-alunos.
Infelizmente, pelo andar da carruagem,
os professores deste aclamado tempo novo, no qual os pais terceirizaram a
educação de seus filhos, repassando tal incumbência e obrigação às escolas,
vistas como simples depósitos de crianças, não poderão contar nem com a
gratidão de seus alunos, que por eles não nutrem a menor consideração.
Entretanto, apesar dos pesares
e das dificuldades, o livro da professora Clélia Souto está a caminho.
Cuidamos, recentemente, de procurar o apoio de Nivaldo Marques Martins,
diagramador e ilustrador de cinco de nossos 14 livros, que não se fez de rogado
e nos emprestará seu talento,
facilitando por demais a edição, que conta com o caloroso incentivo de muitas
outras pessoas amigas.
Ao passo que nossos
governantes optam por deixar os professores ao deus-dará, fica cada vez mais
evidente para os estudiosos da educação que o conceito de inteligência não é
apenas uma questão de QI dos estudantes, mas sobretudo um conjunto de
habilidades que necessita ser trabalhado por escolas de expressiva qualidade,
um fenômeno totalmente dependente de bons (e bem remunerados) professores, além
de didática consistente, uma sociedade participativa e famílias bem
estruturadas, que se unam em torno das unidades escolares em benefício da
preparação dos alunos, como futuros agentes da construção de um mundo melhor.
De Carlos Lúcio:
ResponderExcluirAgradeço-lhe as postagens com que, democraticamente, você me tem premiado... Em contrapartida, sempre cuido de divulgar seu prestigiado blog, que, frequentemente, é o primeiro a inserir o artigo que enviamos para tanta gente, que opta por fazer o papel de censor, editando tão-somente as opiniões que batem com o seu pensamento...
Não é à toa que temos tantos sites e blogs de uma "nota só".
Enfim, obrigado. Sucesso e vida longa ao "caoquefuma"
Abs.,
Carlos Lúcio Gontijo
Carlos,
ResponderExcluirO agradecimento e o prazer é nosso!
Abração./-
JP