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Imagem: AD |
Guido Sonino
Daqui a alguns dias, abril
lembrará aos aposentados e aos participantes do Plano Aerus que passou mais um
ano, o sexto, desde que o pagamento mensal de suas pensões, inicialmente
suspenso, ficou reduzido a porcentagens variadas, bastante favoráveis aos
aderentes ao Plano II, mas insuficientes para a grande maioria dos
ex-funcionários da Varig que ficaram com o Plano I, aquele que foi oferecido no
início e que permitiu ao Aerus de se tornar um projeto de aposentadoria.
Desde o já longínquo dia da
intervenção governamental, que transformou em pesadelos as aposentadorias às
quais cada funcionário supunha ter direito, após ter pago pontualmente sua
prestação mensal, em várias ocasiões surgiram esperanças de uma solução justa,
sempre frustradas. Há uma barreira de dificuldades que parecem se renovar e se
alternar nos contatos com a União, com o Supremo Tribunal, com os deputados e
os senadores amigos, com o ex- presidente Lula, com a nova presidente Dilma,e
até com os que assistiram nas ruas e nos aeroportos às manifestações de grupos
de aposentados, clamando pela justiça.
Em frente à sede do Aerus, 13-03-2012 |
Ao longo de seis anos,
executivos dos Sindicatos e o advogado Castagna Maia se tem dedicado à causa do
Aerus, procurando soluções legais, novas fórmulas de acordo com as autoridades,
pressionando parlamentares e ministros, entre outros, expondo a profunda
injustiça que vitimava milhares de pessoas. E a lista das vítimas reais
cresceu: já passou dos 600 nomes de aposentados que faleceram, incluindo há poucos
meses o próprio Dr. Maia.
Muitas promessas foram feitas
mas até hoje nenhuma delas foi cumprida. Difícil é saber se por omissão,
desinteresse, dificuldades reais. Uma única vez houve contatos demorados com a
Advocacia Geral da União, à procura de uma espécie de acerto de contas: de um
lado os bilhões de prejuízo causados à Varig pelo congelamento tarifário
imposto na época do governo Collor, do outro a indenização à empresa aérea (e
sua transferência parcial ao Plano de aposentadoria), pelo prejuízo imposto ao
Aerus pela incompetência da entidade previdenciária do governo, cujas omissões
permitiram abusos e perdas que o levaram à virtual falência. Documentos foram
apresentados, valores calculados em termos de perdas de receitas,mas no final
da suposta análise a AGU chegou à conclusão que nada era devido à Varig, pois o
valor dos impostos e dividas, mais juros e correções, que a empresa aérea não
havia pago a entes governamentais superava largamente seus créditos.
Foi então levantada pelo Dr.
Maia a questão da responsabilidade da Superintendência de previdência privada
com o Aerus, por ter permitido, encoberto e avaliado operações internas que
ilicitamente eram financiadas com dinheiro dos aposentados. Reconhecidas essas
operações e o respectivo prejuízo para o Instituto de aposentadoria, além da
responsabilidade cível, caberia à União o pagamento mensal e individual aos aposentados,
para reparar o prejuízo causado ao Aerus. O julgamento da validade legal e da
forma e valores dos pagamentos passou então a ser incluído entre as convocações
de competência do Supremo Tribunal Federal. Sem caráter de urgência, prioridade
ou data de vencimento, o ex-presidente do STF em dezembro de 2009 havia deixado
entender que o julgamento poderia ocorrer no ano sucessivo. Em vista do atraso,
nestes últimos dois anos foram mantidos contatos com a ministra à qual os
documentos haviam sido confiados, da qual dependia a inclusão do processo na
programação judiciária. Mas assuntos em maioria de natureza política ou
policial, tem tido a precedência e, há poucas semanas, a ministra foi nomeada
presidente do STF. Essa mudança poderá exigir a transferência do processo que
interessa o Aerus a outro ministro.
Entretanto, recentemente tem
surgido vozes insistentes sobre a iminência de uma solução para o problema
social representado pelos milhares de aposentados do Aerus. Nada de concreto,
mas como sempre envolvendo grupos e pessoas que supostamente estariam lutando
para resolver o caso, assumindo desde já a “paternidade” do que de positivo
poderá ocorrer. Haveria interesses ocultos nesses posicionamentos, que estariam
motivando recomendações para que os aposentados evitem quaisquer compromissos
que lhes sejam solicitados. O Sindicato Nacional dos Aeronautas, como sempre na
vanguarda da luta a favor dos aposentados, assim como a Aprus que sob a nova
administração evidencia a evolução positiva de sua política, tem divulgado
opiniões contrária ao otimismo excessivo que tem circulado entre grupos ligados
aos aposentados.
Esperar confiantes pelo que
poderá ocorrer é a recomendação, mas seria impróprio, frustrante e até
contra-producente acreditar que se algo de positivo acontecer tudo se resolverá
num prazo breve e da maneira mais satisfatória. Após muita espera, vale a pena
esperar mais um pouco.
Título e Texto: Guido Sonino,
Aeroconsult, 25-03-2012
Edição: JP
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