Jornal decide contar ao
leitor o que os jornalistas e o governo sabiam há muito: Lula e Rosemary, no
centro do novo escândalo, eram amantes desde 1993
Reinaldo Azevedo
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Rosemary Noronha,
em viagem à Costa Rica, em 03 de junho de 2009.
Foto: Jorge
Araújo/Folhapress
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Um homem público ter uma
amante é ou não assunto relevante? Nos EUA, basta para liquidar uma carreira
política, como estamos cansados de saber. Foi um caso extraconjugal que
derrubou o todo-poderoso da CIA e quase herói nacional David Petraeus.
Desde quando estourou o mais
recente escândalo da República, todos os jornalistas que cobrem política e toda
Brasília sabiam que Rosemary Nóvoa Noronha tinha sido — se ainda é, não sei —
amante de Lula. Assim define a palavra o Dicionário Houaiss: “Amante é a
pessoa que tem com outra relações sexuais mais ou menos estáveis, mas não
formalizadas pelo casamento; amásio, amásia”.
Embora a relação fosse
conhecida, a imprensa brasileira se manteve longe do caso. Quando, no entanto,
fica evidente que a pessoa em questão se imiscui em assuntos da República em
razão dessa proximidade e está envolvida com a nomeação de um diretor de uma
agência reguladora apontado pela PF como chefe de quadrilha, aí o assunto deixa
de ser “pessoal” para se tornar uma questão de interesse público.
O caso, com todos os seus
lances patéticos e sórdidos, evidencia a gigantesca dificuldade que Lula sempre
teve e tem de distinguir as questões pessoais das de Estado. Como se considera
uma espécie de demiurgo, de ungido, de super-homem, não reconhece como
legítimos os limites da ética, do decoro e das leis.
Outro dia me enviaram um texto
oriundo de um desses lixões da Internet em que o sujeito me acusava de
“insinuar”, de maneira que seria espúria, uma relação amorosa entre Rose e
Lula. Ohhh!!! Não só isso: ao fazê-lo, eu estaria, imaginem vocês!,
desrespeitando Marisa Letícia, a mulher com quem o ex-presidente é casado. Como
se vê, respeitoso era levar Rose nas viagens a que a primeira-dama não ia e o
contrário.
Mas isso é lá com eles. A Rose
que interessa ao Brasil é a que se meteu em algumas traficâncias em razão da
intimidade que mantinha com “o PR”. Lula foi o presidente legítimo do Brasil
por oito anos. A sua legitimidade para nos governar não lhe dava licença para
essas lambanças. Segue trecho da reportagem da Folha.
Volto para encerrar.
A influência exercida pela
ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary
Noronha, no governo federal, revelada em e-mails interceptados pela operação
Porto Seguro, decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose e Lula conheceram-se em 1993.
Egressa do sindicato dos bancários, ela se aproximou do petista como uma
simples fã. O relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida
presidencial de 1994.
À época, ela foi incorporada à
equipe da campanha ao lado de Clara Ant, hoje auxiliar pessoal do
ex-presidente. Ficaria ali até se tornar secretária de José Dirceu, no próprio
partido. Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não
gostava da assessora do marido. Em 2002, Lula se tornou presidente. Em 2003, Rose
foi lotada no braço do Palácio do Planalto em São Paulo, como “assessora
especial” do escritório regional da Presidência na capital. Em 2006, por
decisão do próprio Lula, foi promovida a chefe do gabinete e passou a ocupar a
sala que, na semana retrasada, foi alvo de operação de busca e apreensão da
Polícia Federal.
Sua tarefa era oficialmente
“prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e operacional ao
presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros
do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São Paulo”. Quando
a então primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens
internacionais, Rose integrava a comitiva oficial. Segundo levantamento da
Folha tendo como base o “Diário Oficial”, Marisa não participou de nenhuma das
viagens oficiais do ex-presidente das quais Rosemary participou.
(…)
Procurado pela Folha, o
porta-voz do Instituto Lula, José Chrispiniano, afirmou que o ex-presidente
Lula não faria comentários sobre assuntos particulares.
Encerro
Como se vê, Lula considera Rosemary um “assunto particular”, o que soa como confissão. Só que ela era chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo. O Brasil pagava o salário do “assunto particular” do Apedeuta. Ainda assim, ela poderia ter sido uma funcionária exemplar. Não parece o caso…
É um modo de ver a República.
O mesmo Lula que classifica a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo de
“assunto particular” não distingue a linha que separa o interesse público de seus
impulsos privados.
PS – Não deixem que a sordidez da história contamine os comentários. Há sempre o risco de se ultrapassar a linha do decoro em temas assim. Façam o que Lula não fez.
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