Jurava tê-lo lido. Portanto, quando o comprei na
Feira do Livro de Ericeira, ano passado, falei com os meus botões “vou reler
este livro”. Mas não, não o havia lido, never.
Confissão feita, vamos ao livro, começando pelo autor.
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George Orwell, 1933 |
“George Orwell é o pseudônimo de Eric Blair,
escritor britânico de origem indiana. Nasceu em Matoihari em 1903 e morreu em
Londres em 1950. Foi aluno em Eton, e em 1922 ingressou na polícia colonial, o
que o levou à Birmânia. A experiência serviu de base para a obra Dias da Birmânia (1934). No seu regresso
à Europa, viveu praticamente como vagabundo. O relato das suas aventuras
converteu-se em Down and Out in Paris and
London (1933), o seu primeiro livro. As ideias socialistas permeiam a sua
obra. Escreveu Homenagem à Catalunha
(1939), com base na guerra civil espanhola, onde lutou pelos republicanos. Não
ocultou a brutalidade do comunismo, o que lhe valeu a inimizade da esquerda
europeia. Com O Triunfo dos Porcos
(1945) consagrou-se como escritor. É uma alegoria sagaz da história da União
Soviética. Em 1984 (1949), critica também os estados totalitários. As
seguintes obras são também suas: O Vil
Metal (1936), The Road to Wigan Pier
(1937) e Coming Up for Air (1939).”

Winston Smith, o protagonista, é um homem que
tenta rebelar-se contra esse sistema monstruoso, mas que, pouco a pouco, se vê
submetido ao mesmo. O Estado apodera-se da consciência das pessoas, dos seus
sentimentos, dos seus sentidos. Em 1984, Orwell oferece-nos um panorama
profundo das relações e dependências que o Estado é capaz de criar com uma
filosofia ditatorial, onde não há respeito pela individualidade do ser humano,
e muito menos quando a tecnologia se encontra ao serviço dessa perversão.
O Grande Irmão, esse olho que tudo vê, inspirou o
nome de um dos programas que mais êxito teve nos últimos anos dentro do gênero
dos reality shows. Como em 1984, trata-se de um grupo de pessoas
que se submete à vigilância permanente de todos os seus atos. A diferença
radica no fato de o fazerem livremente. A novela de Orwell, contudo, expõe um
retrato lastimoso e magistral da perda de liberdade do ser humano.”
Escrito há 64 anos, e 35 antes do título. Isto é, Orwell imaginou em 1949 como seria o futuro em 1984. Escreveu cinco anos após o fim da segunda guerra mundial. Com certeza inspirou-se nos líderes ‘passados’ – de 1945 a 1949 – e no que viu acontecer nesses quatro anos: o surgimento da Cortina de Ferro, por exemplo.
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Europa dividida pela "Cortina" |
A leitura do livro, eu diria, não é das mais fáceis. Mas li-o com prazer pois sentia o aprendizado. Aprender sobre a novilíngua me encantou. Percebi coincidências com discursos atuais. Dois exemplos, rapidinho. No Brasil, a mídia que tenta mostrar e demonstrar o que é e o que representa o Partido dos Trabalhadores no e para o Brasil, é rotulada de “golpista”. Isto é, quem escrever algo que desconstrua o PT ou aponte a nudez (de princípios) do GUP (Guia Universal dos Povos) é apontado como inimigo. (Da democracia, por exemplo. Believe it or not!). “Nunca antes neste país”, frase preferida do GUP, o que é, se não um espetacular exemplo da novilíngua petista, hein??
Em Portugal, temos o “pacto da agressão” e o ‘patriotismo’.
Quer dizer, as ações do atual governo, eleito democraticamente, de fato e de
direito, em junho de 2011, são “agressões” à “pobre classe trabalhadora” (seja
lá qual for); e o ‘patriotismo’ é exclusivo desses grupelhos, só eles são
patriotas, o resto… bem, é resto.
“Quanto à consciência das massas, basta informá-las pela
negativa” (!!)
Os gulags estalinistas, os campos de reeducação de
Pol Pot, a revolução cultural maoísta… foram preditos por George Orwell em
1949.
Relacionados:
OI JIM, VI O FILME, MAS NA ÉPOCA NÃO ENTENDI NADA. VOU REVELO, NO YOUTUBE.
ResponderExcluirhttp://youtu.be/sO608z2O90w
BEIJOS JANDA
Well, Janda, se o filme seguir ao pormenor o livro...
ResponderExcluirJim, tudo tem um preço. Ser livre dá espaço pra todo tipo de problemas. Ser vigiado em nome da segurança traz outros. Se pode-se escolher entre um e outro, ótimo.
ResponderExcluirTer o controle das massas faz parte de administrá-las de modo a manter o status quo das lideranças.
Por toda parte, não importa o regime adotado, o Estado interfere na vida do indivíduo e faz o que pode pra não ter que garantir os seus direitos básicos. Dependendo de como determinada sociedade está organizada, dependendo do que cada uma decidiu abrir mão em troca de determinada 'vantagem' e anseios, diz muito da sua cultural ou da ausência.
A última cena do filme foi muito chocante. Muito 'convincente'.
bjx
Circe