quarta-feira, 24 de abril de 2013

Sócrates, o "envergonhante"

José Luís Seixas
José Sócrates anunciara já ao que vinha. Não propriamente para comentar coisa alguma – que isso pouco lhe interessa – mas para fazer os seus ajustes de contas pessoais. Quer com Passos Coelho, que lhe arrebatou o poder, quer com o próprio partido, que o não defendeu, quer, principalmente, com Cavaco Silva.
É vê-lo aos domingos, naquele quase monólogo que impõe à entrevistadora. Sócrates continua igual a si próprio. Não gosta de ser interrompido e detesta ser contraditado. O seu rosto é o espelho da sua alma. Os esgares de irritação, o olhar obstinado, a postura autoritária, o menear de cabeça, a gestualidade são a evidência de um homem que não perdoa, que não teme e que tem um desígnio que não abandona.
Ora, é essa obstinação – que transpira por cada poro – que o atraiçoa no seu comentário. Todos percebem que ele não analisa. Discorre uma “narrativa” com finalidades claras e direcções definidas. De vez em quando tropeça na gramática. Realmente, Cavaco não terá sido “envergonhante”. Mas que mal há em utilizar um neologismo se for para ferroar o inimigo? Da mesma sorte que poderemos deplorar o estado “envergonhante” em que o perorador deixou o País. Ou o resultado “envergonhante” das suas prestações televisivas, esmagadas sucessivamente em audiências por Marcelo. Em suma, Sócrates é “envergonhante”. Isto, claro, utilizando expressão que lhe é tão cara…
Título e Texto: José Luís Seixas, Destak, 24-04-2013

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