sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O que o PT e os 'sucialistas' querem implantar no Brasil

Imprensa venezuelana sob fogo e violência do governo comunista de Caracas
Francisco Vianna
Na maioria dos países civilizados, quando alguma autoridade de alto escalão se sente ofendido ou injuriado pela imprensa, recorre à justiça mediante uma ação de perdas e danos morais e para exigir uma retratação pública ou provar nos tribunais as denúncias feitas. Na Venezuela, sequestram a esposa do jornalista…

Jornalistas venezuelanos em passeata em Caracas denunciam as agressões que sofrem pessoalmente e as perseguições aos seus jornais. Foto: Juan Barreto/AFP/Getty Images
Ameaças e violência se tornaram armas habituais do chavezismo para silenciar a mídia e os repórteres, que estão sujeitos a pagar um alto preço para exercer a profissão nesse país sul-americano.
Foi o caso do diretor do jornal La Noticia e ex-correspondente do canal de TV de notícias Globovisión, Miguel Mundo, cuja esposa Alexandra, esteve sequestrada e submetida ao terror de ser assassinada a qualquer momento pela revolução bolivariana, a título de ‘lição’, pelas matérias que escreveu demonstrando a corrupção do regime, numa manhã de janeiro de 2012, no Estado de Cojedes. “Nessa manhã, quando recebi o primeiro telefonema, me disseram que a tinham acusada e que dariam a mim uma lição para deixar claro que não podia me meter com eles”, disse Mundo. Depois de uma angustiante espera, veio o segundo telefonema. O marido jornalista ainda tentou negociar, mas a voz do outro lado disse que já estava tudo pronto, decidido, e que ela ia ser “eliminada”.
“Desesperado, não soube o que fazer; não tinha a quem recorrer”, relatou Mundo.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pelego sindical e acostumado a todas as práticas de intimidação e repressão, foto: EFE
Estórias como a de Mundo têm se tornado por demais comuns na Venezuela, país onde o jornalismo independente é perseguido, por diferentes lados, por uma “revolução” que vê a liberdade de imprensa como um dos maiores obstáculos para a continuidade do seu processo. É um tema que gera preocupação entre os colegas venezuelanos que moram no sul da Flórida, e que nesta semana realizam um foro sobre os perigos que corre a liberdade de imprensa no país sulamericano e em outras nações integrantes da ALBA.

“O jornalismo na Venezuela se encontra submetido a um processo gradual de estrangulamento”, explicou Belsay Hennig, segunda vice-presidente da Associação de Jornalistas Venezuelanos no Exterior (APEVEX). Para ela, o governo aplica diferentes métodos que vão de demandas judiciais em tribunais controlados pelo regime chavezista à negação de outorgar divisas (dólares) para importar insumos, e até compra de meios de comunicação através de empresários “amigos”, explicou Henning.

A perseguição judicial à mídia é um dos temas centrais do foro “O Socialismo do Século XXI e suas repercussões à liberdade de imprensa”, evento organizado conjuntamente pela APEVEX e o Centro de Iniciativas para a América Latina e Caribe (CLACI) do Miami Dade College e que será realizado na manhã de sexta-feira no Campus Wolfson da casa de estudos.

Mas, além de perseguir a mídia, o regime persegue diretamente jornalistas. De acordo com a Associação Civil Espaço Público, a Venezuela registrou em 2012 cerca de duzentas denúncias de violências e práticas de ameaça e de intimidação cometidas contra repórteres e jornalistas. Por sua vez, o Capítulo da Venezuela do Instituto de Imprensa e Sociedade relatou 193 casos ao longo do ano em curso. Ambas as organizações consideram que a perseguição á imprensa é uma ‘política de Estado’ na Venezuela.

Muitas das denúncias relatam agressões perpetradas contra jornalistas no exercício de sua profissão quando estão nas ruas realizando alguma cobertura. Foi o caso da correspondente da Globovisión no Estado Aragua, Carmen Elisa Pecorelli, quando cobria a visita de uma comissão da Procuradoria Geral da República que investigava as mortes de vários recém-nascidos num hospital da cidade de Maracay em fevereiro de 2012.

Segundo um informe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Pecorelli foi agredida por um grupo violento de adeptos do chavezismo, que se identificaram como integrantes das “Brigadas Integrais Comunitárias”, quando a jornalista cobria a notícia. E as agressões, por vezes, envolvem o uso de armas de fogo, como ocorreu com uma equipe do jornal da RCTV, canal de TV que após ser tirado do ar pelo chavezismo em 2007 opera como um canal de sinal de Internet. De acordo com o relatório da CIDH, a equipe foi encurralada sob a mira de armas de fogo por desconhecidos e despojada de seus equipamentos enquanto cobria a publicação dos resultados das eleições estudantis de duas escolas da Universidade Central de Venezuela em janeiro de 2012.

Os jornalistas gravaram os encapuçados vinculados ao chavezismo quando estes lançaram bombas de gás lacrimogêneo à saída de um auditório, onde se anunciou o resultado da votação. Antes de escapar, os agressores dispararam para o ar.

Porém, no caso de Mundo, não se tratou de uma eventual agressão durante o exercício profissional. O jornalista há meses já vinha sendo alvo de telefonemas ameaçadores e intimidadores. “Eram ameaças. Diziam-me que parasse de criticar o ‘comandante’ [Hugo Chávez], que não continuasse a me meter com eles, que ‘vais aparecer com moscas na boca’. Isto tendo começado em 2010, e sendo aumentado em 2011, até que os covardes ao invés de me atingirem, acabaram sequestrando e aterrorizando minha esposa indefesa”, relatou Mundo.

Mundo não deu a devida importância a essas ameaças e continuou a reportar as práticas de corrupção no Estado, em matérias que eram sequencialmente publicadas pelo seu jornal, e em cadeias de TV e rádio da Globovisión e União Rádio até o dia em que sua esposa foi sequestrada por quatro homens armados que vestiam roupas de flanela e gorros vermelhos enquanto ela abastecia o carro depois de deixar os filhos na creche.

Os sequestradores a obrigaram a entrar em outro veículo, pequeno, e lhe golpeavam o dia todo, enquanto a ameaçavam de morte, disse Mundo. “Por várias horas ficaram a dizer a ela que a iam matar porque seu esposo era ‘muito imbecil’. Iam matá-la porque não respeitavam o ‘comandante’ e a revolução. Diziam o tempo todo que se eu não parasse o que estava a fazer iriam matar-nos a ambos e depois as crianças”, detalhou.

Mas ainda quando os agressores disseram a Mundo por telefone, nessa tarde, que tinham decidido matar sua esposa, os homens não chegaram a cumprir a ameaça. Era tudo prática do terrorismo mais covarde e desumano. Enfim, a aterrorizada mulher foi solta numa rodovia nos arrabaldes de San Carlos, a capital de Cojedes.

Após receber o telefonema de sua esposa, isso já às 9 da noite, Mundo foi buscá-la e a levou para casa sob uma mistura de emoções que variava da raiva e indignação a um dissonante sentimento de alívio e de graças à Deus. A tragédia, depois de tudo, poderia ter sido ainda maior.
E a tática de intimidação funcionou. “Seis dias depois já estávamos nos EUA”, disse Mundo, que agora mora em Miami.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 06-9-2013

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