Luciano Henrique
Sejamos francos, pois a
discussão política não é para crianças. É uma discussão geralmente para
adultos. Você realmente levaria a sério alguém que, no Julgamento de Nuremberg,
resolvesse lançar uma moção “contra judeus e nazistas”? Ou que, na investigação
contra um estupro, saísse dizendo que “tínhamos que investigar o passado da
mulher estuprada e do seu estuprador”? É claro que não. Não podemos tolerar
pessoas que se fingem de sonsas e usem equivalência moral com o único fito de
proteger o que há pior na espécie humana.
Essas táticas de nivelamento
moral acontecem quando aquele que o embusteiro defende se torna indefensável.
Em seguida, para diluir a culpa do objeto de sua defesa ele propõe “a
culpa sobre todos”. Isso é não apenas uma monstruosidade moral, como também
chamar seus interlocutores de idiotas. Foi assim que o PT criou uma
variação específica do “isentão” dedicada a dizer “nem Dilma, nem Temer”.
A sempre hipócrita Folha teve
a cara de pau de usar este frame sujo como título de seu editorial: “Nem
Dilma, nem Temer”.
No começo eles até reconhecem
que Dilma cometeu crimes de responsabilidade e a crise causada pelo governo.
Reconhecem o estelionato eleitoral e a compra de votos, bem como a obstrução de
justiça. Mas eis que aqui surgem com o apaziguamento canalha de sempre:
Embora existam motivos para o
impedimento, até porque a legislação estabelece farta gama de opções, nenhum
deles é irrefutável. Não que faltem indícios de má conduta; falta, até agora,
comprovação cabal. Pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura
orçamentária ainda permissiva. Mesmo desmoralizado, o PT tem respaldo de
uma minoria expressiva; o impeachment tenderá a deixar um rastro de
ressentimento. Já a renúncia traduziria, num gesto de desapego e realismo, a
consciência da mandatária de que condições alheias à sua vontade a impedem de
se desincumbir da missão.
Essa avaliação é tudo, menos
respaldada por qualquer análise moral decente. A falácia do apelo à
consequência não responde a questão que quer saber se é certo ou não que Dilma
seja impichada. Ora, “rastro de ressentimento” qualquer família de bandido
preso possui. Isso não é motivo para que o bandido fique solto. Ei, Folha, está
ficando feio…
Mas o truque da equivalência
moral é mais patético:
A mesma consciência deveria
ter Michel Temer (PMDB), que tampouco dispõe de suficiente apoio na sociedade.
Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma bênção que o poder
retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse alguém da legitimidade requerida
para promover reformas estruturais e tirar o país da estagnação.
O Tribunal Superior Eleitoral
julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la. Seja por essa
saída, seja pela renúncia dupla, a população seria convocada a participar de nova
eleição presidencial, num prazo de 90 dias.
Imprescindível, antes, que a
Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez a nefasta
figura de Eduardo Cunha – o próximo na linha de sucessão –, réu naquela corte e
que jamais poderia dirigir o Brasil nesse intervalo.
Assusta a quantidade de
desonestidade em tão poucas palavras.
Se Temer não possui
“suficiente apoio na sociedade”, isso vale para qualquer vice-presidente. Baixa
popularidade não é motivo para impeachment. Logo de cara, a comparação da Folha
é cretina. Eles querem punir um vice que nunca poderia ter praticado os mesmos
de crimes da mesma maneira que se pune uma presidente criminosa que está há
seis anos no poder. Isso não faz o menor sentido moral, além de ser violação à
lei: quando um presidente sofre impeachment, quem assume é o vice. Se não
gostam, tentem mudar a Constituição. Enquanto isso, a Folha é inimiga da
Constituição.
Em tempo: foram os eleitores
do PT que elegeram Temer, pois a votação não foi apenas para presidente, como
para vice. Como eu disse, a Folha chama seus leitores de idiotas.
Em seguida, mudam o tema para
o julgamento no TSE. Mas esse é outro assunto e não tem a ver com o
impeachment. Assim, de acordo com a lei (coisa que a Folha parece não gostar),
Temer tem que ficar no cargo até ser concluído o processo no TSE. Querer
impedir Temer de assumir é golpe de estado. Não há como fugir: a Folha é
golpista confessa.
É nojento ver o pedido pelo
afastamento “imprescindível” e imediato da “figura nefasta de Eduardo Cunha”.
Ué, mas por que fecharam o biquinho quanto a Renan Calheiros? Só por que ele é
sicário de Dilma? Aqui a Folha se entregou como petista dissimulada que é. Qual
a justificativa moral para punir Cunha e livrar Renan? Evidentemente os
monstros que escreveram esse editorial não tem uma explicação razoável. Só o
esperneio e o chilique imoral.
O golpe da Folha também se vê
quando eles dizem que o afastamento de Eduardo de Cunha deve ocorrer por via da
Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal. Isso é mais claro que a
neve: a Folha apela a um golpe buscando “qualquer opção à mão” para atacar
Eduardo Cunha apenas porque ele não é um sicário do PT.
É muito fácil desmascarar
fraudadores intelectuais pela análise de suas intenções em comparação com as
fraudes praticadas. O texto imundo da Folha é só isso: uma visão golpista,
anticonstitucional, inimiga da lei e hipócrita de um jornal que sempre viveu
agraciado com verbas estatais. Quem já apoiou uma ditadura militar no passado
hoje apoia uma ditadura bolivariana. A Folha é traidora do Brasil.
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