Rodrigo Constantino
O especialista em segurança
pública Bene Barbosa, do Movimento Viva Brasil, participou hoje do programa
“Olho no Olho”, do prefeito João Dória. O tema foi justamente segurança, com
foco na questão do desarmamento. Foi uma aula, e o prefeito está de parabéns
não só por receber Bene, que fez críticas duras ao prefeito recentemente por
conta da sua aproximação a ONGs desarmamentistas, como por manter um ótimo
nível de debate e prestar atenção nos argumentos do convidado.
Dória pareceu convencido em
vários momentos de que o desarmamento não resolve nada. Alegou no começo não
gostar de armas, nunca ter tido uma, e sequer deixar seus filhos brincarem com
armas de brinquedo. Direito seu, claro. Mas afirmou que respeita o direito de
quem pensa diferente, desde que faça tudo estritamente dentro da lei. Bene
mostrou, então, como a lei no Brasil é restrita, apesar da vontade popular
expressa no plebiscito, e ignorada pelo governo.
Comparou com outros países,
como Canadá e Estados Unidos, e também latino-americanos, como Paraguai e
Uruguai, mostrando como nossa política de proibir ou dificultar a posse de
armas não serviu para nada – ou pior: serviu para aumentar as taxas de
criminalidade no país. Perdemos de lavada dos outros países, com mais de 60 mil
homicídios por ano, uma guerra civil “velada”.
Em diversas oportunidades,
Dória puxou a sardinha para seu lado, destacando seus programas de governo,
falando de investimento em tecnologia, em câmeras e drones. Era de se esperar,
e não há mal algum nisso. Um político – mesmo um “outsider” – precisa saber se
vender, fazer marketing também. Eu mesmo sempre reclamei dessa incapacidade dos
liberais. Logo, não posso condenar Dória, agora, por saber fazer propaganda de
sua boa gestão o tempo todo.
Isso não o impediu de avaliar
os diversos pontos de vista trazidos por Bene. Há quem pense que Dória é um terrível
socialista disfarçado, a soldo e mando de George Soros, enganando os liberais
trouxas. Mas, à exceção dessa turma mais paranóica e estridente, adepta de
teorias conspiratórias, ficou claro que o prefeito é apenas um empresário de
sucesso com bom senso, que quer melhorar sua cidade e seu país, e que não goza
de um arcabouço ideológico profundo, demonstrando disposição para pesar as
propostas alternativas e defender a que julgar melhor.
Senso prático, pragmatismo:
assim parece ser Dória. Se eu preferia uma robustez maior no campo das ideias,
com base em princípios liberais ou conservadores? Mas claro que sim! O que não
me impede de analisar as vantagens de alguém com carisma, muita energia para
trabalhar e eficiência de gestão querendo absorver as bandeiras mais à direita.
Temos é que explorar isso, não virar as costas para ele!
Dória não poupou bandidos, não
apelou para o vitimismo típico das esquerdas, chamou Getúlio Vargas de ditador
sem rodeios, e concordou com Bene Barbosa diversas vezes, como quando este
mostrou o absurdo da mentalidade predominante no país de que o policial de
folga não deve reagir a assaltos, ou quando frisou que é preconceituoso e
elitista culpar as desigualdades sociais pelo crime, como se todo pobre fosse
bandido. Dória, nesse momento, aproveitou para defender os vários
empreendedores da periferia de São Paulo.
Enfim, todos os envolvidos
estão de parabéns. Debates como este são enriquecedores, permitem que várias
pessoas tenham acesso aos bons argumentos e a fatos normalmente ocultados pela
grande mídia. E, por falar nela, o programa, transmitido diretamente pela
página do prefeito no Facebook, tinha mais de 200 mil visualizações ao vivo!
Quem precisa de “Fake News”, não é mesmo?
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 29-6-2017
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