Rui A.
Marcelo Rebelo de Sousa,
presidente da República Portuguesa, vetou, há dois anos, um diploma do governo
que, na prática, abria integralmente as contas bancárias ao fisco. As pessoas
comuns julgaram, na altura, que Marcelo, como constitucionalista e democrata,
estava preocupado com a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos
portugueses, cada vez mais distorcidos, para não dizer dizimados, por um estado
fiscalista, obcecado em extorquir dinheiro aos cidadãos para sustentar os seus
maus vícios e uma gestão pública absolutamente perdulária e faraónica.
Pois bem, S. Ex.ª esclarece
que, afinal, se estava marimbando completamente para os direitos individuais, e
informa, agora, que o que então o fez vetar o diploma foi a situação
conjuntural dos bancos, entre eles o do seu muito querido amigo Ricardo
Salgado, que Marcelo não quis agravar com a mais do que provável fuga de
capitais para o estrangeiro.
Marcelo Rebelo de Sousa e Ricardo Salgado |
O governo, obviamente, não perdeu a oportunidade, e vai entrar pelas
contas dos particulares adentro, como focinho de cão em manteiga numa tarde
de Verão. Ficamos, assim, a saber que o nosso presidente da República tem uma
visão utilitarista dos seus poderes e dos direitos dos cidadãos, agindo, não em
conformidade com o que devem ser os princípios fundamentais de um Estado de
Direito, mas em função do que dá jeito e convém a um estado que se está
integralmente lixando para os seus cidadãos.
Se isto já seria péssimo numa
situação de normalidade nacional, numa altura em que se escondem os responsáveis pela tragédia da Caixa Geral de Depósitos, não permitindo que os contribuintes conheçam os nomes
daqueles que provocaram o rombo que eles irão pagar, é de um cinismo próprio de
um estado plutocrático. Quem tem 50 mil euros numa conta bancária é suspeito e
está exposto à devassa do fisco, enquanto que quem deve milhões a um banco público
é merecedor do direito à privacidade.
Título, Imagem e Texto: Rui A., Blasfémias,
10-5-2018
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