Médicos ensinam a evitar risco de
contaminar outras pessoas em casa
Pedro Peduzzi
O isolamento por 14 dias é, em
geral, suficiente para garantir que alguém que tenha sido infectado pelo novo
coronavírus não contamine pessoas próximas. A garantia fica ainda maior quando
embasada por exames laboratoriais, explicam especialistas consultados
pela Agência Brasil. Eles, no entanto, alertam para cuidados que se
deve ter nos casos em que o doente isolado mora com outras pessoas e,
principalmente, quando entre eles há um idoso.
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
De acordo com Heloísa, as
pessoas costumam confundir quarentena com isolamento. Enquanto a primeira
medida é determinada pelo governo, estabelecendo um prazo necessário para que
todos fiquem afastados socialmente de forma a evitar a disseminação do vírus, o
isolamento é diferente, por ser voltado a pessoas com suspeitas ou que, de
fato, estejam contaminadas.
“No caso da quarentena, as
pessoas só saem de casa para fazer coisas de extrema necessidade, como ir à
farmácia, à padaria, ao mercado. Obviamente sob a condição de que não façam
disso um evento social. Já os cuidados da pessoa em isolamento são diferentes,
pela suspeita de doença”, disse a infectologista à Agência Brasil.
Cuidados durante isolamento
A médica diz que o ideal é que
a pessoa fique sozinha em um cômodo, de preferência em um quarto com banheiro.
Ela fica dentro desse ambiente, a princípio sem máscara, mas tendo de
higienizar com álcool todos os objetos de que fizer uso frequente.
Caso o banheiro seja de uso comum,
é importante que a pessoa sob isolamento seja a última a usá-lo e que, sempre
após o uso, higienize-o com álcool 70% ou hipoclorito em todos os locais
tocados. “E todas vezes que sair do quarto e tiver contato com outras pessoas
na casa, tem de usar máscara para evitar a transmissão. Os objetos que
serão descartados – caso dos lenços, por exemplo – devem ser fechados em
sacos para depois serem juntados ao lixo da família e, enfim, recolhidos
pelos serviços de limpeza.
Heloísa acrescenta que o
doente não pode dividir talher, copo ou prato com outras pessoas. “É importante
que a pessoa troque a própria roupa de cama, que tem de ser colocada em saco
plástico para levar e ser lavada em separado”, explica Heloísa.
Membro da Sociedade Brasileira
de Infectologista, José David Urbaez Brito diz ser também indicado
que a limpeza do quarto seja feita pelo próprio paciente isolado. Já a higiene
das mãos deve ser feita com água e sabão, por pelo menos 1 minuto; ou com
álcool gel 70%, por 20 ou 30 segundos.
“Quanto à alimentação, o
fornecimento tem de ser feito de forma a não possibilitar o contato
com o paciente. Se não tiver outro jeito, quem for cuidar do paciente
tem de usar máscara cirúrgica, se manter a 2 metros do paciente, e usar avental
impermeável”, disse o médico.
Famílias grandes em casas
pequenas
A maior preocupação, segundo
os dois especialistas, é com os idosos. Principalmente quando a família mora em
casas ou apartamentos de pequenos cômodos. “É comum famílias morando em um ou
dois cômodos, e em um ambiente muito pequeno não tem jeito: as pessoas vão
acabar sendo expostas ao vírus. A começar pelo fato de ser importante que se
tenha um colchão específico para a pessoa com a covid-19”, explica Heloísa
Ravagnani.
A presidente da Sociedade de
Infectologia do Distrito Federal diz que nessas situações os cuidados devem ser
ainda maiores. “Como vive muito próxima a outros, a pessoa ter de
usar a máscara todo o tempo. O problema é que a máscara deve ser trocada depois
de ficar úmida ou a cada duas horas.”
Idosos
Brito alerta que, no caso dos
idosos, é de extrema importância o isolamento total. “Não
pode ter contato com ninguém, e essa é a grande angústia quando se
tem, entre os familiares que vivem na mesma casa, uma pessoa contaminada.”
Ele aponta como solução as
autoridades adotarem medidas que viabilizem outros locais onde o idoso possa
permanecer enquanto algum dos entes com quem mora estiver em situação de
isolamento.
Uma das possibilidades
sugeridas por ele é aproveitar a baixa movimentação de hotéis e albergues para
disponibilizá-los a idosos que moram com pessoas infectadas ou com suspeita de
contaminação.
Título e Texto: Pedro
Peduzzi; Edição: Nádia Franco/Liliane Farias – Agência Brasil, 24-3-2020, 19h01
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