Pedro Henrique Alves
O discurso de Bolsonaro foi ousadíssimo em
todos os sentidos. Ele se apoiou em uma vertente de otimismo e visão de que a
pandemia não é tão grave quanto se desenhava pelos infectologistas, órgãos
oficiais e mídias.
Tal vertente é seguida hoje
por países como Estados Unidos, Holanda, Hungria, entre outros. Além disso, no
discurso à nação, Bolsonaro mais uma vez mostrou como é assustadoramente
incompetente no ato de se comunicar, e ainda que fale sobre algo relativamente
correto e sensato, sob sua fala tudo soa um tanto quanto mais imprudente e bobo
do que deveria; talvez nunca antes tivemos alguém tão tenebroso e
desqualificado para se expressar― tirando a Dilma, aquela era insuperável.
Parece-nos que o Presidente está eternamente num bate-boca de boteco.
Profundamente lamentável para um chefe de Estado!
No entanto, como analista
político, devo ir além dos defeitos óbvios do discurso ou do emissor para
entender a ideia que permeia o discurso. Há uma questão séria na escolha
governamental de Bolsonaro evidenciada no pronunciamento, e essa tal questão
não pode ser sublimada atrás de um histerismo generalizado, ressentimentos
jornalísticos ou vadiagens ideológicas; o pano de fundo merece ser justamente
analisado.
Como adiantado acima,
Bolsonaro escolheu um tom otimista frente à pandemia do Coronavírus e fez um
pedido para que os estados voltem à normalidade, ainda que tenha pedido
expressamente para protegerem os idosos. Bolsonaro, ao discursar dessa forma,
apostou tudo, pois se os estados acatarem o pedido feito no pronunciamento, e
os casos do COVID-19 aumentarem de forma alarmante e mortal, isso será
praticamente o prego em seu caixão presidencial.
Pessoalmente me abstive em
opinar sobre o assunto do vírus chinês, pois simplesmente não tenho capacidade
intelectual para falar com assertividade sobre o tema de prevenção sanitária.
Mas sobre política e análise da conjuntura social eu creio que tenha tal
capacidade que anteriormente me faltou – e fato é que a mídia estava criando um
clima gigantesco de pânico e terror, tem gente que está pensando que o apocalipse
bíblico já começou, vídeos de pessoas estocando alimentos ou brigando em
supermercados já se tornaram corriqueiros. O pânico social é o início mesmo de
qualquer queda abrupta de sociedades, e quedas abruptas de sociedades
significam morticínios, desgraças e toda sorte de imoralidades e cerceamento de
liberdades.
O que mais vejo são análise
afoitas. Quantas pessoas pararam de fato para evidenciar o caos social que
viria após três meses de quarentena e incontáveis empresas paralisadas? Quantas
empresas conseguiriam sobreviver a isso? Sejamos sinceros independentemente do
que achemos do Presidente. Após o caos pandêmico passar, quando mais da metade
da população tiver sido infectada e se tornar imune, ou uma vacina tiver sido
inventada, o que faremos com os 40 milhões de desempregados? Daremos
Bolsa-família a eles? O desemprego em massa gera fome, miséria, que por sua via
gera desespero, crimes, insegurança, falta de investimento, estagnação
econômica, mortes e outros problemas sociais. Qual a solução para além da
histeria condenatória? Essa é uma das questões a que parece que os críticos de
sofás não querem dar uma resposta.
Falem-me uma coisa: vocês
gostam de seus empregos, ou ao menos de ter salários? Pois bem, se os
trabalhadores ficarem mais de um mês em suas casas, isso praticamente falirá
quase toda e qualquer pequena ou média empresa. Quantos microempresários
brasileiros têm fundos para sustentar dez funcionários que não produzem durante
três meses, por exemplo? Façam o seguinte: abram uma empresa, contratem apenas cinco
funcionários, aluguem um imóvel, paguem água, luz, encargos, segurança, etc.
Após isso mandem os funcionários para as suas respectivas casas e os sustentem
durante dois meses apenas, ainda que não estejam produzindo. Somente após isso
eu começarei a considerar opiniões que ignoram tal fator.
Mas como faremos com os nossos
velhos, Pedro? Devem estar se questionando. Eu não sei; nem sempre as respostas
são matemáticas. E como sou um conservador confesso, não temo desfraldar minhas
limitações. Eu não tenho uma resposta que cobrirá todos os problemas sociais.
Se querem uma resposta política para sanar todas as aporias humanísticas,
deveriam procurar antes os mentirosos. Devemos ter humildade em situações
caóticas; assumir que não há escolha fácil ou opção que agradará a todos neste
momento pode não ser a resposta esperada, mas é a que temos.
Bolsonaro parece ter apenas
dois caminhos nesse momento: + cuidados sanitários = – empregos; ou + empregos
= – menos cuidados sanitários. Não há, até o agora, uma terceira via. Podemos
discordar da escolha do chefe de Estado, é lícito que critiquemos o modus
operandi presidencial; mas não podemos condená-lo por tomar uma posição diante
de um caos que se impõe. Em seu lugar nós também teríamos que escolher um lado.
O fato é que sabe-se que o
contágio em massa indubitavelmente passará; muitas pessoas serão infectadas e
outras tantas morrerão independente do que o Estado faça. Isso é certo e
observável! O Brasil, por sua via, é um país de poucas reservas econômicas, e
gerar um panorama de desemprego em massa é uma forma de recuar décadas no
tempo, criar miséria como nós nunca antes vivemos. Cabe agora lembrar de Mises
e rezar sob a cartilha de que o Estado não gera riquezas, que dinheiro não
nasce em árvores e nem sai espontaneamente de impressoras. Então, na minha
opinião, faz bem o Presidente em amenizar a opinião pública alarmista.
Por fim, afastem-se dos
comentários chucros de redes sociais e de jornalismos ideológicos; analisar com
a bílis não é o adequado. Sensatez é a palavra de ordem; e ainda que pareça
idiotice, geralmente são os capacitados que pedem calma diante de uma
calamidade, o puro desespero ao sair de um prédio em chamas pode acabar
deixando muitos carbonizados. O ponto fulcral é o seguinte: até que ponto
Bolsonaro deve amenizar o medo popular e o alarmismo midiático? Ele usou em seu
discurso o termo “voltar à normalidade”. Será? Com que rapidez?
Essas perguntas são as que o
colocarão na fossa política ou no Olimpo da história nacional; será lembrado como
um dos maiores estadistas brasileiros, ou como um palhaço com a faixa verde e
amarela no peito; o homem que matou parcela de seu povo ou o que salvou o ganha
pão de milhões. A resposta somente o tempo dará!
Título e Texto: Pedro
Henrique Alves, Instituto
Liberal, 25-3-2020
Relacionados:
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirESTÁ CORRETÍSSIMO.
ResponderExcluirO CARA É CORNO, CULPA DO BOLSONARO.
SAIDINHA DE BANCO, CULPA DO BOLSONARO.
ROUBO DO CELULAR, CULPA DO BOLSONARO.
CORRUPÇÃO, CULPA DO BOLSONARO.
CORONA VÍRUS,CULPA DO BOLSONARO.
LOCKDOWN DAS CIDADES, CULPA DO BOLSONARO.
STF ACABOU COM A FEDERALIZAÇÃO, CULPA DO BOLSONARO.
ASSISTENCIALISMO POR CAUSA DA QUARENTENA, CULPA DO BOLSONARO.
INFRAESTRUTURA E EMPRESAS SEM PRODUZIR,CULPA DO BOLSONARO.
MORTE POR COMORBIDADES, CULPA DO BOLSONARO.
FALTA DE ABSTECIMENTO, CULPA DO BOLSONARO.
SE POLICIAIS CIVIS OU MILITARES, CAMIONEIROS, BOMBEIROS, FUNCIONÁRIOS DA SAÚDE, MILITARES DO EXÉRCITO FICAREM DOENTES, CULPA DO BOLSONARO.
SE FUNCIONÁRIOS DA REDE ELÉTRICA, TELEFONIA E ÁGUAS FICAREM DOENTES, CULPA DO BOLSONARO.
SE OS PARENTES IDOSOS DE TODOS ACIMA FICAREM DOENTES,CULPA DO BOLSONARO.
SE OS CRAQUEIROS NÃO PEGAREM CORONA VÍRUS, CULPA DO BOLSONARO.
SE A CONSTITUIÇÃO DE 1988 É UMA MERDA, CULPA DO BOLSONARO.
SE A NULA MULA DE 9 DEDOS SE ELEGER DE NOVO, CULPA DO BOLSONARO.
SE MÃES MATAM FILHOS E FILHOS MATAM PAIS, CULPA DO BOLSONARO.
SE JESUS CRISTO FOI CRUCIFICADO, CULPA DO BOLSONARO.
SE O AERUS NÃO PAGAR, CULPA DO BOLSONARO.
TUDO É CULPA DO BOLSONARO, MAS NELSON RODRIGUES ESCREVEU QUE UNANIMIDADE É BURRA.
TAMBÉM É CULPA DO BOLSONARO.
ALIÁS, SE FOMOS CRIADOS À SEMELHANÇA DE DEUS, INFELIZMENTE É CULPA DO BOLSONARO.
TRANSFORMARAM BOLSONARO EM DEUS, CULPA DO BOLSONARO.
ACABARAM DE DESCOBRIR QUE OS LBGT...+ SOPA DE LETRINHA, É CULPA DO BOLSONARO.
FUI, PORQUE É CULPA DO BOLSONARO.
Vai virar artigo.
ExcluirObrigado.
Abraço./-
LEMBRA DO CANSEI?
ExcluirDÁ-ME ESTAFA!
https://youtu.be/alF-lbFkV_E
ResponderExcluir