José Manuel Fernandes
Hoje vou abrir uma excepção -
ou introduzir uma variação. Há dois anos, era o Observador ainda muito, muito
jovem e o Macroscópio tinha apenas seis meses, dediquei esta newsletter à festa
de família por excelência nos Estados Unidos, o “Thanksgiving Day”, que se
celebra sempre na quarta quinta-feira do mês de Novembro. É essa newsletter que
hoje recupero quase na íntegra, até porque o número dos meus leitores aumentou
imenso desde essa altura. Mas com algumas variações, sempre em torno de
uma tradição que remonta ao século XVII - ou talvez não... - e que muitos
vêem como a festa que melhor caracteriza aquilo que é diferente e único na
América (mesmo na América que elegeu Donald Trump).
Uma das coisas curiosas quando se consulta a imprensa americana nesta época do ano é que ela está cheia de artigos a explicarem este hábito de as famílias se reunirem pelo Dia de Acção de Graças para partilharem um peru, o que faz com que muitos tenham de viajar e se formem com facilidade engarrafamentos que bem podem ser os maiores do mundo, como este em Los Angeles. O que mostra que o Thanksgiving Day parece necessitar de ser explicado, algo que nunca imaginaríamos ser necessário para, por exemplo, explicar o porquê do nosso Natal. Mas é assim naquela nação de imigrantes, e por isso mesmo decidi voltar a fazer hoje um intervalo nos temas mais sérios que costumam ocupar o Macrsocópio para complementar uma pequena mas informativa peça do Observador - Três respostas para entender o Dia de Ação de Graças - com referência a um conjunto variado de textos históricos, linguísticos, comportamentais e até gastronómicos publicados nos Estados Unidos. Alguns bem divertidos. Vamos a isso.
Comecemos por tentar perceber porque razão só os americanos, e em menor grau os canadianos, comemoram este feriado com aparentes conotações religiosas. Isto é, porque têm ele um dia de acção de graças e nós não? Por uma razão simples: essa é uma tradição que remonta ao tempo dos primeiros peregrinos, os que cruzaram o Atlântico em busca de uma vida nova há quase 400 anos. Essa história é-nos contada, por exemplo, neste belo ensaio do Wall Street Journal: “Pilgrims and the Roots of the American Thanksgiving” (paywall). O historiador Malcom Gaskill, depois de recordar as condições em que a imigração inglesa foi criando as suas novas comunidades, que se estendiam do Maine, a Norte, à Virgínia, mais a Sul, procura mostrar o que liga os pioneiros de então aos americanos de hoje:
Uma das coisas curiosas quando se consulta a imprensa americana nesta época do ano é que ela está cheia de artigos a explicarem este hábito de as famílias se reunirem pelo Dia de Acção de Graças para partilharem um peru, o que faz com que muitos tenham de viajar e se formem com facilidade engarrafamentos que bem podem ser os maiores do mundo, como este em Los Angeles. O que mostra que o Thanksgiving Day parece necessitar de ser explicado, algo que nunca imaginaríamos ser necessário para, por exemplo, explicar o porquê do nosso Natal. Mas é assim naquela nação de imigrantes, e por isso mesmo decidi voltar a fazer hoje um intervalo nos temas mais sérios que costumam ocupar o Macrsocópio para complementar uma pequena mas informativa peça do Observador - Três respostas para entender o Dia de Ação de Graças - com referência a um conjunto variado de textos históricos, linguísticos, comportamentais e até gastronómicos publicados nos Estados Unidos. Alguns bem divertidos. Vamos a isso.
Comecemos por tentar perceber porque razão só os americanos, e em menor grau os canadianos, comemoram este feriado com aparentes conotações religiosas. Isto é, porque têm ele um dia de acção de graças e nós não? Por uma razão simples: essa é uma tradição que remonta ao tempo dos primeiros peregrinos, os que cruzaram o Atlântico em busca de uma vida nova há quase 400 anos. Essa história é-nos contada, por exemplo, neste belo ensaio do Wall Street Journal: “Pilgrims and the Roots of the American Thanksgiving” (paywall). O historiador Malcom Gaskill, depois de recordar as condições em que a imigração inglesa foi criando as suas novas comunidades, que se estendiam do Maine, a Norte, à Virgínia, mais a Sul, procura mostrar o que liga os pioneiros de então aos americanos de hoje:
Here we might return to Plymouth in 1621 and to the true story of the first Thanksgiving, which is richer and more edifying than the familiar holiday version. When the Pilgrim William Bradford said, “They began now to gather in the small harvest they had…being all well recovered in health and strength and had all things in good plenty,” he was bearing witness to the fact that, in their first crucial year, they had barely survived. The Pilgrims were not typical settlers in the new land, but they still exemplify the extraordinary imagination and belief, fortitude and courage, shown by colonists across early America—qualities shared today by all manner of Americans, regardless of their ancestry.