Gustavo Corção, Editora Permanência, 50 anos, Niterói, setembro de 2018, 142 páginas.
Gustavo Corção foi um escritor e pensador católico brasileiro, autor de diversos livros sobre política e conduta, além de um romance. Foi membro da antiga União Democrática Nacional (UDN) e um expoente do pensamento conservador no Brasil.
Sua obra é influenciada pelo
Distributismo, a apologia católica do escritor inglês G.K. Chesterton,
influência extensamente explicada no seu ensaio Três Alqueires e uma Vaca.
Entretanto, uma outra influência sobre o seu pensamento veio do filósofo
Jacques Maritain.
Formado engenheiro, Corção só
obteve notoriedade no campo das ideias aos 48 anos, ao publicar o livro A
Descoberta do Outro, narrativa autobiográfica de sua conversão ao
catolicismo (influenciado por Alceu Amoroso Lima).
Como engenheiro, era um
apaixonado pela eletrônica. Foi durante anos professor dessa disciplina na
Escola Técnica do Exército, atual Instituto Militar de Engenharia. O amor à
eletrônica e à música sacra levou-o a ser um estudioso e intérprete de órgão
Hammond. Este instrumento musical tornou-se uma de suas paixões, tanto pela
engenhosidade de sua construção como por sua sonoridade.
Sua produção literária e seu
estilo foram considerados por muitos na mesma altura da de Machado de Assis,
autor que o inspirou a produzir e publicar uma antologia (de Assis).
Sobre Gustavo Corção, Raquel de Queiroz afirmou em 1971: “A maioria dos brasileiros conhecem duas faces de Gustavo Corção. Uma, a do escritor exímio, a usar como ninguém a língua portuguesa, o autor que, vivo ainda, graças a Deus, é um indiscutível clássico da literatura nacional. [...] A segunda face é a do anjo combatente, de gládio na mão, a castigar os impostores que vivem a gritar o nome de Deus e da Sua Igreja, não para os louvar, antes para apregoar na feira inocente-útil do ‘progressismo’.
O pensamento de Gustavo Corção
caracteriza-se por uma postura política conservadora, inimiga do catolicismo
liberal e favorável ao diálogo com a esquerda, representado por Alceu Amoroso
Lima, Sobral Pinto, e Dom Hélder Câmara, e pela defesa do tradicionalismo
litúrgico e doutrinário, o que o colocou em posição de antagonismo em relação à
Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II; concílio convocado pelo Papa João
XXIII e encerrado pelo Papa Paulo VI.
Corção apoiou a derrubada do
governo de João Goulart pelo movimento encabeçado pelos militares, em 1964,
pois entendia que esse governo abria as portas para o comunismo e,
consequentemente, para a influência soviética no Brasil, implicando no fim da
democracia e das liberdades individuais, incluindo a liberdade de possuir uma
fé religiosa.
Suas polêmicas com católicos
menos conservadores e com as esquerdas, ocorriam em grandes jornais como O
Globo, Rio de Janeiro e O Estado de São Paulo.
***
A crise católica
Neste compilado de artigos,
Gustavo Corção aprofunda o tema da crise que mergulhou a igreja católica após o
Concílio Vaticano II, onde filosofias modernas afetaram gravemente a
compreensão das coisas naturais e temporais.
Esse processo de decadência
piorou com o passar dos anos e a teologia da libertação tomou conta de grande
parte da igreja, favorecida por alguns pontífices que propagaram o ideal marxista
na Santa igreja.
Termina com o relato de como
um Padre de uma pequena paróquia do Brasil, que não sabe mais como continuar,
pois, se encontra abandonado, onde nem mesmo o poder sacerdotal podia vir-lhe
ao socorro diante de sua solidão. Vinícius
***
É uma coletânea de artigos – entre 1975 e 1977 – que refletem sobre os desafios da Igreja Católica no mundo moderno. Corção, que escreveu para O Globo, defende que a Igreja foi construída sobre bases sólidas, como pedras, e não sobre modismos passageiros, como rodas.
A obra se destaca por sua
clareza e defesa vigorosa da tradição católica, alguns dos artigos são mais
profundos e específicos.
No final, o livro traz a emocionante e triste história real do Padre Antônio que demonstra a qualidade de Corção na escrita e encerra a coletânea com uma profunda reflexão sobre fé e perseverança na tradição.
Gostei!
👏👏👏👏
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O doente inglês
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O Protocolo Caos
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