terça-feira, 9 de setembro de 2025

[Livros & Leituras] A Igreja Católica e a Outra – Artigos sobre a crise da Igreja

Gustavo Corção, Editora Permanência, 50 anos, Niterói, setembro de 2018, 142 páginas. 

Gustavo Corção foi um escritor e pensador católico brasileiro, autor de diversos livros sobre política e conduta, além de um romance. Foi membro da antiga União Democrática Nacional (UDN) e um expoente do pensamento conservador no Brasil.

Sua obra é influenciada pelo Distributismo, a apologia católica do escritor inglês G.K. Chesterton, influência extensamente explicada no seu ensaio Três Alqueires e uma Vaca. Entretanto, uma outra influência sobre o seu pensamento veio do filósofo Jacques Maritain.

Formado engenheiro, Corção só obteve notoriedade no campo das ideias aos 48 anos, ao publicar o livro A Descoberta do Outro, narrativa autobiográfica de sua conversão ao catolicismo (influenciado por Alceu Amoroso Lima).

Como engenheiro, era um apaixonado pela eletrônica. Foi durante anos professor dessa disciplina na Escola Técnica do Exército, atual Instituto Militar de Engenharia. O amor à eletrônica e à música sacra levou-o a ser um estudioso e intérprete de órgão Hammond. Este instrumento musical tornou-se uma de suas paixões, tanto pela engenhosidade de sua construção como por sua sonoridade.

Sua produção literária e seu estilo foram considerados por muitos na mesma altura da de Machado de Assis, autor que o inspirou a produzir e publicar uma antologia (de Assis).

Sobre Gustavo Corção, Raquel de Queiroz afirmou em 1971: “A maioria dos brasileiros conhecem duas faces de Gustavo Corção. Uma, a do escritor exímio, a usar como ninguém a língua portuguesa, o autor que, vivo ainda, graças a Deus, é um indiscutível clássico da literatura nacional. [...] A segunda face é a do anjo combatente, de gládio na mão, a castigar os impostores que vivem a gritar o nome de Deus e da Sua Igreja, não para os louvar, antes para apregoar na feira inocente-útil do ‘progressismo’.

O pensamento de Gustavo Corção caracteriza-se por uma postura política conservadora, inimiga do catolicismo liberal e favorável ao diálogo com a esquerda, representado por Alceu Amoroso Lima, Sobral Pinto, e Dom Hélder Câmara, e pela defesa do tradicionalismo litúrgico e doutrinário, o que o colocou em posição de antagonismo em relação à Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II; concílio convocado pelo Papa João XXIII e encerrado pelo Papa Paulo VI.

Corção apoiou a derrubada do governo de João Goulart pelo movimento encabeçado pelos militares, em 1964, pois entendia que esse governo abria as portas para o comunismo e, consequentemente, para a influência soviética no Brasil, implicando no fim da democracia e das liberdades individuais, incluindo a liberdade de possuir uma fé religiosa.

Suas polêmicas com católicos menos conservadores e com as esquerdas, ocorriam em grandes jornais como O Globo, Rio de Janeiro e O Estado de São Paulo.

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A crise católica

Neste compilado de artigos, Gustavo Corção aprofunda o tema da crise que mergulhou a igreja católica após o Concílio Vaticano II, onde filosofias modernas afetaram gravemente a compreensão das coisas naturais e temporais.

Esse processo de decadência piorou com o passar dos anos e a teologia da libertação tomou conta de grande parte da igreja, favorecida por alguns pontífices que propagaram o ideal marxista na Santa igreja.

Termina com o relato de como um Padre de uma pequena paróquia do Brasil, que não sabe mais como continuar, pois, se encontra abandonado, onde nem mesmo o poder sacerdotal podia vir-lhe ao socorro diante de sua solidão. Vinícius

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É uma coletânea de artigos – entre 1975 e 1977 – que refletem sobre os desafios da Igreja Católica no mundo moderno. Corção, que escreveu para O Globo, defende que a Igreja foi construída sobre bases sólidas, como pedras, e não sobre modismos passageiros, como rodas.

A obra se destaca por sua clareza e defesa vigorosa da tradição católica, alguns dos artigos são mais profundos e específicos.

No final, o livro traz a emocionante e triste história real do Padre Antônio que demonstra a qualidade de Corção na escrita e encerra a coletânea com uma profunda reflexão sobre fé e perseverança na tradição. 

Gostei!

👏👏👏👏 

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O Laboratório Progressista e a Tirania dos Imbecis 
O doente inglês 
Yes Kids 
O Protocolo Caos 

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