Imagine alguém ser acusado de um crime praticado a quase 6 mil quilômetros de distância do local onde está. Mais: imagine que esse acusado será julgado por uma pessoa que se apresenta como vítima do delito. Não é tudo: os advogados, impedidos de conhecer os autos do processo, são subitamente informados de que, para preparar a defesa, terão de consultar mais de 10 milhões de páginas de arquivos PDF e 4 mil horas de vídeo. Além disso, a principal testemunha arrolada pela acusação diz que foi forçada a mudar sua versão mais de dez vezes, para que a história se encaixasse no roteiro produzido pelos algozes. Para completar, não há ninguém a quem se possa recorrer do veredito final, evidentemente definido antes do início do julgamento.
Nenhum brasileiro precisa de um Franz Kafka se pode ver em ação — pela televisão e de graça — o Supremo Tribunal Federal. Assinada por Cristyan Costa e Silvio Navarro, a reportagem de capa desta edição mostra que, no teatro das togas em que se transformou o julgamento de Jair Bolsonaro e mais sete acusados de planejar um golpe, quem sai desmoralizado é o Estado Democrático de Direito.
Entre os cinco ministros que decidirão o caso, Cristiano Zanin foi advogado de Lula e Flávio Dino, amigo do presidente, era ministro da Justiça em 8 de janeiro de 2023 e enxerga em Bolsonaro “o próprio demônio”. Cármen Lúcia tornou-se discípula de Gilmar Mendes. E Alexandre de Moraes é Alexandre de Moraes.
Sem que fosse avistado um só revólver calibre 22 na Praça dos Três Poderes naquele dia, as armas mais perigosas encontradas com os envolvidos nos atos de vandalismo em Brasília eram um batom e um estilingue. Era feriado nacional e não havia na capital federal uma única autoridade que pudesse encabeçar o “levante”. A reportagem de Loriane Comeli lista outras provas desse crime impossível e as incontáveis ilegalidades do processo.
Fazendo de conta que tal ópera do absurdo era para valer, Paulo Gonet, procurador-geral da República, apresentou uma peça acusatória de quase 8 mil palavras em juridiquês castiço. “O rebuscamento do texto não se destina apenas a impressionar os que não precisam ser impressionados, ou convencer os que de todo modo não serão convencidos”, observa Eliziário Goulart Rocha. “Trata-se, também, de conferir um tom mais dramático a um punhado de acusações frágeis”.
Num dos trechos do falatório, por exemplo, Gonet afirmou que “afrontas acintosas e belicistas” contra a ordem institucional podem assumir variadas formas, “não se pode admitir que se puerilizem as tramas urdidas”. Os atos que compõem o que Gonet chama de “panorama espantoso e tenebroso”, “não podem ser tratados como atos de importância menor, como devaneios utópicos anódinos, como aventuras inconsideradas, nem como precipitações a serem reduzidas, com o passar dos dias, ao plano bonachão das curiosidades tão-só irreverentes da vida nacional”. O palavrório poderia ser resumido numa frase: “Os ataques às instituições são graves e não podem ser tratados como simples bravatas”.
A Suprema Corte e a Procuradoria-Geral da República são a cara do atual governo. O Itamaraty também. A diplomacia brasileira já produziu um Sérgio Vieira de Mello e um Barão do Rio Branco. Hoje, tem que se conformar com um Celso Amorim e um Mauro Vieira. “A atuação da diplomacia não se resume ao fracasso nas negociações com o governo Trump”, afirma Uiliam Grizafis. Lula tem se distanciado cada vez mais dos países que encarnam os valores do Ocidente para se aproximar da China, da Rússia, da Venezuela e da Nicarágua, entre outras ditaduras.
No caminho oposto, as editoras brasileiras têm lançado, cada vez mais, títulos que contestam dogmas da esquerda, mostra a reportagem de Anderson Scardoelli. É um segmento em franca expansão. Como escreveu Nelson Rodrigues numa crônica lembrada pela coluna de Augusto Nunes, os ex-covardes começam a aparecer. Ainda bem.
Boa leitura.
Branca Nunes, Diretora de Redação, Revista Oeste
O “come quieto” Alexandre de Moraes é o grande alvo midiático dos críticos do ativismo judicial brasileiro. Mas a Edson Fachin, se deve a vergonha nacional da anulação da Lava Jato.
ResponderExcluirEnquanto no Peru o ex-presidente Toledo está puxando 12 anos de cana por corrupção com a Odebrecht, no Brasil, Fachin, soltou todos, devolveu-se o dinheiro de roubos que foi confiscado, estão todos ricos e soltos; e um deles até virou presidente da República.
O Brasil não é um país sério, disse De Gaulle. É uma chicana.
O Congresso faz o que o povo quer - desde que o povo mostre claramente o que deseja. A manifestação do 7 de setembro está marcada para este domingo. É preciso mostrar aos parlamentares que chegou a hora da anistia, única forma de pacificar o Brasil
ResponderExcluirOs anistiados de ontem são os que hoje se levantam contra a anistia. Os que se dizem “democráticos” não aceitam o contraditório.
ResponderExcluirOs que discursam contra a tortura ignoram que idosos estão sofrendo atrás das grades.
E os que falam em soberania não hesitaram em ir a Cuba aprender guerrilha urbana pra instalar o terror no Brasil.
Essas são as verdades incômodas que os esquerdistas não suportam ouvir.