Julgamento de Bolsonaro é escandaloso. Rui explica na Análise da 3ª

Se meu filho assaltar uma residência, eu vou ser preso porque sem mim ele não existiria? Já não é que o crime é uma coisa que determinada pessoa faz, e ela responde por isso. Se outra pessoa vai ser implicada no crime, tem que haver uma relação direta — a pessoa mandou, providenciou os meios ou algo do gênero.

Então é assim: como existe o Bolsonaro, existem os bolsonaristas. Mas tudo o que os bolsonaristas fizerem, o Bolsonaro vai pagar? Isso é ridículo. Um sistema judicial normal não faz esse tipo de coisa. 

O Mensalão foi um esquema, um julgamento de fachada. Não foi um julgamento de verdade. Não é que o pessoal ouviu as provas — era um julgamento para condenar. Tanto que tem a famosa frase da Rosa Weber que vai ficar imortalizada nos anais da política brasileira: “não tenho provas, mas condeno”. O pessoal já estava condenado antes. Fizeram aquela encenação só para justificar. 

Com o Lula foi a mesma coisa. Montaram aquela operação para caçar o Lula, colocar ele na cadeia, tirar ele da eleição. E com o Bolsonaro, é a mesma coisa. Se deixar o Judiciário, mesmo viciado como é no Brasil, atuar normalmente, ele não consegue esse resultado. Precisa de alguém colocado lá para fazer essa proeza. Essa pessoa, no caso, é o Alexandre de Moraes. Por isso ele é vítima e juiz ao mesmo tempo. Para quem não entendeu, ser vítima e juiz é como ser centroavante e juiz ao mesmo tempo. 

Isso é escandaloso. 

“Ah, mas o Bolsonaro é golpista.” Tudo bem, ele pode até ser golpista. O problema não é a pessoa ser alguma coisa. O problema é se ela faz alguma coisa. A Justiça não tem que julgar personalidades, a Justiça tem que julgar atos. E ela tem a obrigação de comprovar de forma muito clara, sem deixar dúvidas, que a pessoa fez aquilo. 

Se o julgamento é político, o resultado já está dado. O julgamento é feito numa turma onde a maioria era contra o Bolsonaro. Os juízes que eram contra o julgamento não vão estar nesse julgamento. O Bolsonaro teria direito de ser julgado no plenário. O Mensalão foi julgado no plenário — por que o julgamento do Bolsonaro, que é um caso ainda mais grave, de um ex-presidente acusado de golpe de Estado, não está no plenário? 

O julgamento tem milhões de irregularidades. E são irregularidades flagrantes.