terça-feira, 24 de maio de 2011

[Da série "A vida que levei.."] 21º capítulo: As minhas turmas

Anterior:

Na Escola Comercial Oliveira Martins, nos dois anos que lá andei, a turma foi a mesma. Éramos cinco: Guilherme, que morava na Rua do Almada, e que tinha uma letra bonita como nunca vi, e Xico, que morava na Foz (do Douro) e que um dia bolou um jornalzinho, acho que o nome era “Foz”, mesmo. Um jornal mimeografado, claro. Eu “contribuí” com um texto “O meu alferes”. Os outros dois, um moreno e um louro, não me lembro dos nomes, nem onde moravam. A não ser o Guilherme que, devido à proximidade, às vezes eu ia estudar na casa dele, não via os demais depois das aulas.

Rua do Almada, Porto, janeiro de 2007. Foto: Manuel de Sousa
Tinha uma outra turma, a do Café “Garça Real”. Com esses, mais velhos do que eu, a gente se juntava lá no café, à tarde, fingindo que estudávamos, falando de política…
Naquela época existiam umas figuras chamadas de “bufas” que eram, nada mais, nada menos que delatores. Havia de todos os gêneros: garçons, engraxates, estudantes, carpinteiros, motoristas, etc… Um deles, suspeitamos de um engraxate, entregou um de nós à PIDE. Relatou um debate que tivemos sobre negros, uns diziam que eram burros, outros diziam que eram ignorantes, e essa ignorância era responsabilidade dos “portugueses” colonizadores…
A PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado, vocês sabem, era uma polícia assemelhada à Gestapo, do Terceiro Reich, que prendia a torto e a direito tudo que… se mexia. Enfim, xapralá! Prosseguindo… Aos sábados, dia de receber a semanada, podia pedir um misto, não me lembro como chamavam esse sanduíche (essa sande), eram duas fatias de pão de fôrma com duas lâminas (mesmo!) dentro, uma de presunto cozido, fiambre, outra de queijo. E um copo de vinho branco maduro gelado.
No verão, durante as tardes dos dias úteis, quando não tínhamos namorada ou cortejada, vagávamos pelo centro do Porto à caça das turistas, de preferência, por razões linguísticas, espanholas ou francesas. Aos sábados ou domingos íamos até Vila do Conde, Espinho…

Espinho, cartão-postal, 1966 (?), retirado do blogue "Retratos de Portugal"
E, claro!, íamos à praia!
No verão de 1967 eu tinha uma “cortejada” de agradável lembrança.

Até este momento, verão de 1967, tinha 16/17 anos, morava no Porto, tendo vindo de Luanda e tendo passado duas férias, em 1963 e 1964, em Brazzaville. A qualquer momento que me lembre de algo que julgue interessante, na minha opinião, voltarei a um desses lugares.
O próximo capítulo vem já aí! Até lá!
Próximo capítulo:
22º capítulo: Dolisie

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-