quarta-feira, 18 de maio de 2011

Herança maldita (do Sr. da Silva)

Amigos, todos,
Segue o artigo desta semana.
O assunto é muito sério: ensinar as nossas crianças a falar errado é um dos maiores crimes que podem ser cometidos contra o nosso futuro.
E o mais sério é que nem a autora, nem os seus superiores imediatos, nem (e isso poderia ser esperado!) a triste figura do Ministro da Educação (Educação? Onde?) e, surpresa, nem a Presidente Rousseff concordaram em voltar atrás!!
Algo impensável, intolerável. A Sra. Rousseff realmente está fazendo o máximo para emular seu mentor e antecessor na Presidência.
Confesso que a minha indignação não tem limites; não consigo aplacá-la.
E, quase ao mesmo tempo, o enriquecimento aparentemente ilícito do Ministro Palocci!
Fica para a próxima semana.
Grande abraço a todos,
Peter

Herança maldita
O tristemente lembrado ex-Presidente da Silva passou os seus oito anos de lamentável governo se queixando da herança maldita que, segundo ele, lhe fora deixada pelo governo que antecedeu o seu.
Estou curioso para saber como a Sra. Rousseff se referirá à herança que recebeu de seu antecessor! Parece-me que maldita é um termo excessivamente fraco para tudo de ruim que lhe foi deixado.
Já bastariam os monumentais problemas financeiros, com uma dívida de mais de um trilhão e setecentos bilhões de reais (nem consigo me imaginar quanto dinheiro isso representa!). Como dizia o ex-Ministro todo-poderoso de parte da época militar, “dívida não se paga; se renova eternamente”. Assim, esse problema vai sendo contornado.
A herança a que me refiro é de outra natureza.
Não é material, palpável. É moral. Os brasileiros, seguindo o exemplo de seu guia, “o maior e melhor presidente que este paiz teve desde o seu descobrimento”, nas palavras do próprio Sr. da Silva, perderam, não encontram em suas memórias, os conceitos de moralidade, integridade, respeito para com os outros – e para consigo mesmos!
As devidas e honrosas exceções não mais são tão numerosas quanto deveriam ser. Afinal de contas, as pessoas cansam de lutar pelo que é direito, pelo que é decente, pelo que é limpo, ao constatar que isso tudo de nada adianta.
E agora, cúmulo dos cúmulos, o Ministério da Educação (?), através do Programa Nacional do Livro Didático (?), adotou e está distribuindo o livro “Por uma vida melhor”, de autoria de uma Sra. Heloisa Ramos, que propõe que “ao invés do conceito de correto ou incorreto no uso da língua deve ser adotada a idéia de adequado ou inadequado, dependendo da situação”. Jamais tinha lido baboseira igual!
Desafio que se me identifique um único País em que se ensine que o errado está certo! 
Pois essa estupidez, esse absurdo, esse besteirol, está sendo distribuído a 484.195 alunos de 4.236 escolas, segundo informações do MEC!
Em minha opinião, e já a expressei antes, a Sra. Rousseff deveria ter substituído o Ministro da Educação, Sr. Fernando Haddad. Não o tinha feito até agora, mas penso ser mais do que urgente que o faça. As barbaridades, atrocidades, cometidas na área do ENEM já tornavam essa demissão imperativa.
Agora, então, com esse episódio do “Por uma vida melhor”, tornou-se imperativo. O País não se pode dar ao luxo de ter gente assim em um dos ministérios mais importantes, se não o mais importante, eis que nossa maior lacuna para impulsionar o crescimento do País é, exatamente o ensino (ou educação, como queiram).
Ou será que a Sra. Rousseff também falará “Nós pega o peixe” e “Os menino pega o peixe”?
O curioso, mas indica de forma extremamente correta o sentimento de todas as pessoas, sem exceção, é que não vi nada, absolutamente nada, nenhum pronunciamento (além, claro, o da própria autora), que concorde com esse absurdo! Os membros da Academia Brasileira de Letras devem estar revoltados, assim como estão os diretores e redatores de todos os jornais e de todas as revistas do País!

Já ouvi alguém fazer a pergunta: e se um aluno que aprendeu a falar e a raciocinar por esse livro participar de qualquer concurso público, como ficará?
Para ser gari no Rio de Janeiro, o candidato tem que ser aprovado em um concurso, que inclui prova de português. Certamente será reprovado. E assim será com todos.
Perdão, há uma exceção nessa obrigatoriedade de concurso: a Presidência da República! O candidato a esse cargo só se submete à prova da eleição. Mais nada!
Graças a isso o Sr. da Silva se elegeu. Se houvesse concurso jamais seria aprovado...
A outra herança maldita a que quero me referir no presente texto (o que não quer dizer que não houve outras heranças; houve, e muitas, mas o espaço é limitado!) se chama eventos esportivos internacionais (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos).
De duas, uma: ou o Brasil constrói em tempo tudo o que tem que ser construído para que os dois eventos possam ser realizados aqui, mas ao triplo do custo e à metade da qualidade necessários; ou não o faz e pagará o maior vexame de sua história recente!
Não tenho a menor dúvida disso, e penso que nenhum brasileiro responsável tem.
Sabe-se, e sempre se soube, que o ex-Presidente da Silva era e continua sendo um total irresponsável nessas coisas, pois desconhece o que representa fazer tantas obras custosas, algumas difíceis, em relativamente pouco tempo.
Como, infelizmente, estamos no País do “oba, oba”, ninguém está levando realmente a sério esse assunto.
Darei um breve exemplo de como funciona (negativamente) a burocracia no Brasil.
Desde que foi construído, há cerca de oito anos, sabe-se que o aeroporto de Porto Alegre (RS) precisa receber aparelhagem que permita que os aviões operem mesmo com neblina forte, uma ocorrência muito freqüente no outono/inverno portoalegrense.
Para isso, a única pista de pouso e decolagem deve ser aumentada em mais algumas centenas de metros. O entrave é que ali há favelas que têm que ser removidas.
Até hoje, vários anos mais tarde, as favelas não foram removidas; logo, a pista não pode ser aumentada e os aviões não podem operar sob neblina.
Há poucos anos, um grupo empresarial resolveu construir um “shopping center” em um bairro da cidade, mas no terreno havia duas favelas.
Em menos de um ano, a empreendedora acertou com os favelados sua mudança para outro bairro, onde comprou um terreno, construiu casas e providenciou todas as demais facilidades necessárias, e os favelados se mudaram.
O “shopping” está funcionando há já alguns anos; os ex-favelados estão morando decentemente, e todos estão felizes...
E o aeroporto? Bem, o aeroporto não funciona em dias de nevoeiro, os passageiros que se danem!
Eis a diferença entre a iniciativa privada e a burrocracia.
Para terminar, “todos nóis pesca peixes”!!
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 18 de maio de 2011

Aeroporto Internacional Salgado Filho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 23 de dezembro de 2005.
Foto: Antonio Carlos

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Um comentário:

  1. Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou ao Poder Online que é contra a publicação e distribuição do livro didático de português Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo Ministério da Educação para o ensino de jovens e adultos.

    Em um capítulo dedicado ao uso popular da língua, os autores defendem que não há nenhum problema em se falar "nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe".
    http://youtu.be/tCVdtk2DD-M

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