terça-feira, 1 de maio de 2012

Cuba até 2015 quer eliminar meio milhão de empregos públicos


A redução dos cargos estatais é uma das principais medidas do plano de reformas econômicas que a ditadura comunista dos Castros pretende levar adiante junto com a ampliação do trabalho privado.
Francisco Vianna
Cuba extinguiu 140.000 empregos públicos em 2011 e prevê reduzir tais cargos em menos 110.000 ao longo de 2012, ano em que espera completar 50 por cento da “reordenação laboral” empreendida na ilha-cárcere para diminuir seus inexequíveis gastos públicos, já em grande parte mantidos pela ajuda de países amigos, como a Venezuela e o Brasil.
Todavia, tal redução deve aumentar o nível de miséria e pobreza na república caribenha, uma vez que a ilha é desprovida de capitais privados capazes de absorver mão de obra proveniente da enorme dispensa pública em curso. A redução da folha de pagamento estatal vem se tornando imperiosa em função da inoperância do estado socialista em produzir riqueza, algo que a história do século XX e a primeira década do século atual têm demonstrado claramente ao mundo, acrescido ainda da insegurança jurídica incapaz de atrair investimentos externos no pequeno país do Caribe. O ‘plano de reformas econômicas’ que a situação real impõe a Cuba, depende da capacidade de uma iniciativa privada ainda muito incipiente e descapitalizada de absorver a mão de obra proveniente dessa ampla demissão em massa estatal. No total, o governo da ilha pode completar a extinção de cerca de 500.000 postos de trabalho estatais de forma progressiva até o ano 2015, conforme declarou Raymundo Navarro, membro do Secretariat do Politiburo Comunista e da Central Sindical de Trabalhadores de Cuba (CTC, sindicato único).
Uma das maneiras de Havana provocar um boom econômico no país seria dar garantias e segurança jurídica à população cubana que vive na Flórida – e que enriqueceu nas últimas quatro décadas de exílio voluntário nos EUA – para que retorne à pátria e invista seus capitais em sua terra natal.
Isto seria uma guinada para um tipo de ‘socialismo capitalista’ semelhante ao que está sendo exercitado na China pós Deng Xiaoping e poderia causar uma espécie de fluxo de capitais externos, inicialmente de cubanos, na ilha, principalmente no setor hoteleiro e de turismo. Tal medida também traria Cuba de volta ao G-20 e acabaria com o bloqueio comercial americano à ilha. A vinda de democracia seria um passo mais para o futuro, na medida em que tal regime político depende em muito da qualidade educacional e profissional da cidadania cubana.
Sem essas medidas de abertura ao capitalismo, a pretendida ‘reordenação laboral’ em Cuba, poderá significar apenas um aumento da pobreza e da miséria no país, coisa que, ao contrário do que afirmou Lula da Silva, não confere qualquer dignidade ao povo cubano.
Com a possibilidade da exploração de petróleo offshore na ilha, a entrada de capitais privados e mesmo estatais de outros países (como é o caso da Petrobrás a qual foi prometida pelos Castros concessões para tal exploração em troca da construção do Porto de Mariel – dinheiro vivo em troca de promessas), mesmo que o regime continue sendo ditatorial, Cuba tem boas chances de experimentar um crescimento político e econômico (e, portanto social) sem precedentes em sua história.
Além de fumo e de cana de açúcar, a ilha praticamente não produz nada, seu comércio é manietado pelo estado, quase tudo é importado, e a capacidade industrial é pífia. O desabastecimento de produtos primários é a tônica de um regime que nunca conseguiu exibir um resultado diferente onde quer que tenha sido posto em prática no mundo. A Venezuela, antes uma economia florescente, depois que Hugo Chávez implantou um regime inspirado no modelo cubano, está descendo ladeira abaixo, apesar dos altos preços do petróleo nos mercados mundiais.
O cubano hoje vive de ‘bico’, mora mal, come mal, vive mal, e só quem vive razoavelmente bem é o pequeno círculo da burguesia do politburo em Havana e o modelo sobrevive graças à incapacidade do cubano em reagir para mudá-lo, pois o governo da ditadura já mostrou que é capaz das piores matanças para continuar no poder. Por isso, a maioria dos sistemas socialistas está sempre associada a ditaduras mais ou menos sanguinárias.
Sob a alegada convicção de que as reformas servirão para “atualizar” o modelo econômico apenas, e não o político, a ditadura cubana tem como finalidade “reafirmar o socialismo”, até mesmo para que, em caso de algum êxito temporário, a parcela do politiburo se torne maior para o seu próprio butim, numa população nivelada por baixo, como sói acontecer nos regimes socialistas.
Sem que a maioria do povo acredite, o governo da ilha afirma que quer “protagonizar” um processo de privatização da atividade econômica e situá-la na proporção de meio a meio com a capacidade produtiva do estado. Como a capacidade produtiva do estado é pífia e rudimentar, teme-se que, se não houver uma abertura aos capitais externos, o que haverá em Cuba será antes uma piora social do que qualquer melhora hipotética alegada, e a anunciada perspectiva de “justiça social” estará cada vez mais distante do povo cubano.
Título, Imagem e Texto: Francisco Vianna, com base na imprensa internacional, 30-04-2012

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