quarta-feira, 30 de maio de 2012

Saudades da Varig

Atenção! A matéria, de Fernando Gabeira, é antiga. Foi escrita em janeiro do ano passado. Não tenho por hábito ressuscitar matérias ou artigos antigos, passados. Não gosto. No entanto, não foi por acaso que me apareceu, ao pesquisar na internet, este artigo. Que divulgo à guisa de incentivo e estímulo a todos aqueles que se manifestarão amanhã, 31 de maio, às 10h, no aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro.


Quase sempre, quando há solenidade importante, com presença de autoridades, aparece um grupo de aposentados da Varig com cartazes afirmando que foram abandonados assim como foi a empresa. Uma série de 13 telegramas da Embaixada americana no Brasil, divulgada pelo Wikileaks, confirma esta denúncia. Aliás, como grande parte dos vazamentos, trata-se de algo que todos sabiam. O governo hesitou entre salvar a Varig e entregá-la à iniciativa privada. Naquele momento, estava pressionado pela crise do mensalão e se recusou a repassar para a empresa R$1 bilhão, relativo à divida oficial com ela.
A crise aérea, com atrasos, greves de controladores e a incapacidade da Anac foram alguns dos temas dos telegramas críticos. De fato, o governo Lula não respondeu como devia às necessidades do setor. Nem as companhias, que ficam meio escondidas na história, mas também são responsáveis.
Um dos mais interessantes telegramas revela uma fonte do Planalto justificando ideologicamente o abandono da Varig: por que financiar a elite se os pobres andam de ônibus e metrô? Esta fonte não podia imaginar que o setor estava crescendo e os pobres, progressivamente, teriam acesso ao meio de transporte mais rápido. Se a justificativa for sincera, como explicar o foco no trem-bala agora, etapa em que grande parte das populações metropolitanas ainda sofre com o transporte cotidiano?
Foi um erro deixar a Varig morrer. Não sei se resistiria ao novo momento da aviação brasileira. Mas a verdade é que saneada, a empresa teria chance num mercado que cresce 20 por cento ao ano. Os americanos mencionam o mensalão e dúvidas sobre o papel no Estado como elementos que inibiram o governo. Os aposentados e funcionários, as vezes, vão mais longe e insinuam que interesses comerciais também tiveram peso. É o tipo de história que ainda levará algum tempo para ser contada com precisão.
Título e Texto: Fernando Gabeira, Estado de S. Paulo, 08-01-2011

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