sexta-feira, 18 de maio de 2012

Mário Soares, o novo “profeta”


Mário Soares começou na semana passada o seu habitual artigo no Diário de Notícias com o humilde aviso: “Não sou profeta.” Mas, na verdade, é isso mesmo que pretende ser. Afinal, essa é uma posição muito mais confortável do que qualquer outra. Como primeiro-ministro nos anos 70, Mário Soares teve de se preocupar com as contas e os salários que era preciso pagar e, por isso, pediu ajuda ao FMI; hoje em dia, como “profeta”, os números não o incomodam especialmente e, por isso, pode anunciar que “o caminho” de Portugal é “cortar com o programa da troika”, que “pode ir ao ar”.
A autoconfiança de Mário Soares surgiu depois do resultado das eleições francesas. Mas nem o PS português, que na falta de ideias originais assumiu com gosto e zelo o papel de cheerleader de François Hollande, consegue acompanhar esta deriva irresponsável que levaria o País definitivamente à bancarrota. Afinal, como se percebe sem dificuldade, a diferença entre Hollande e Passos Coelho é a que separa Portugal da França – ou seja, é a que separa um país dispensável de uma potência indispensável.
Mário Soares, julgando-se infalível, profetizou o fim do memorando da troika de forma unilateral – a opinião daqueles que nos emprestaram dinheiro para sobreviver não o preocupa especialmente. Para ele, a situação é muito fácil de resolver: “Não há dinheiro? Há sempre, desde que haja vontade política para o arranjar.” Eis o programa perfeito: dinheiro “há sempre”. Ficamos todos mais descansados.
Título e Texto:  Editorial Sábado”, nº 419, de 10 a 16 de maio de 2012

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