A Grândola da indignação, a da ignorância e a da sacanice

Alberto de Freitas

As televisões, afanosamente rebuscam junto de cidadãos anónimos, respostas para as perguntas: “a razão da manifestação”, “a razão de estarem ali”…

Explode a indignação. As pessoas sentem-me mal, defraudadas. Não vislumbram o futuro, ou dos filhos. Após a razão vêm as causas. Aí, se vê o trabalho de desinformação da informação e a consequente adulteração da realidade. Nuns casos, ignorância, em outros, negação do conhecimento

Consciência das circunstâncias não existe. Razão para comparecerem em manifestação cujo mote é “que se lixe a troika”, os representantes dos responsáveis pelo pagamento das contas. Além da recusa em considerar o malbaratar de fundos públicos, como factor primordial nas consequências que enfrentam. O problema para essas pessoas é conjuntural: o governo de ladrões. Os que estão.

Como se a mudança de governo alterasse a realidade das suas vidas. Não por estupidez, talvez por desespero, crêem - porque tem a ver com crença - que uma política de esquerda é solução. Não lhes explicaram porquê, nem como, só quando: será imediato.

Penso que já discutem o novo carro que vão comprar, as férias que vão gozar, o apartamento a comprar. A esquerda vai dar-lhes o que estes roubaram. O governo mais ultra-neoliberal de sempre. Não sabem o que é, só sabem que se trata de ladroeira. Garante a esquerda.

Que de esquerda tem a posse do discurso, o cantar da Grândola da sacanice. Quando tomarem o poder - espero que seja em maioria absoluta, porque os povos precisam de lições - ficarei na expectativa, não das soluções, porque não as têm, mas que irão dizer por não concretizarem o prometido.

Na altura, passarão de certeza para o cantar da Grândola da vitimização, em que se lastimarão ser uma ilha da esquerda bondosa, rodeada de ultra-neoliberais por todo o lado.

Em seguida, é esperar para ver... 

Título e Texto: Alberto de Freitas

Mais lições? As do PREC de 1975 não bastaram?