1. Comecemos pela capa do jornal EXTRA de ontem, 06-02-2014. Extra
é o jornal de maior circulação no Rio e o segundo maior do Brasil. Pertence ao
sistema Globo. Veja a capa.
2. As execuções abertas têm retornado ao noticiário no Rio. Duas ganharam
maior destaque nestes últimos dias porque foram filmadas, além de fotografadas:
a) um delinquente amarrado a um poste e linchado; b) execução de outro
delinquente mostrada acima. Mas os casos de execução crescem. Os mais comuns
são descritos como dupla de pistoleiros na garupa de motos, executando pessoa
ou pessoas em carro ou num certo local. E outras coreografias macabras.
3. Tem ocorrido em vários estados. Não se trata apenas de realizar
as necessárias investigações policiais para identificar os responsáveis, prendê-los
e puni-los na forma da lei.
4. Sociólogos urbanos, analistas das polícias, promotores da área
do crime, jornalistas que cobrem esta área... enfim, profissionais aparelhados
para entender situações como essas, devem mergulhar fundo – e já – e levantar
hipóteses e buscar razões. Essas é que permitirão interromper essa dinâmica de
barbárie, reestabelecendo a civilização.
5. O que surpreendeu nos dois casos citados para o Rio é que as
execuções não foram feitas nem por policiais, nem por traficantes, nem por
milícias. São reações de “para-delinquentes” que se arvoram a fazer justiça com
as próprias mãos ao sentirem que há um vazio de policiamento ostensivo e que os
vizinhos se sentem desprotegidos e submetidos à saga da delinquência. E não
surpreende que pessoas diversas aplaudam a barbárie (como este blogueiro) como
se fosse uma alternativa de proteção.
6. Urge que especialistas se dobrem sobre tais casos e procurem
entender quais as razões e as suas dinâmicas, antes que a “justiça com as
próprias mãos” entre vizinhos ou transeuntes passe a ser sistemática e ganhe o
cotidiano do noticiário com assombrosas declarações de apoio.
7. Falta muita coisa além de policiamento. Falta autoridade, o que
estimula a impunidade dos delinquentes e de seus executores.
Título e Texto: Cesar Maia, 07-02-2014
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