Luciano Henrique
Recentemente Lilian Tintori e
Mitzy Ledezma, cujos esposos são presos políticos dos tiranos da Venezuela,
estiveram no Brasil. Agora parece que já voltaram ao inferno. Sendo assim peço
que faça um exercício mental: imagine que Mitzy resolva armar algo para
garantir que o esposo de Lilian, Leopoldo Lopez, fique ainda mais tempo na
prisão. Imagine também que Mitzy não vai conseguir aliviar a barra de seu
marido com isso. Ou seja, aparentemente ela não está tendo muito lucro com tudo
isso. Aparentemente, claro. Se essa traição à causa de ambas (lutar pela
libertação dos presos políticos) já não fosse uma afronta, imagine que Mitzy
resolva ir a um programa de TV ao lado de Nicolas Maduro para assassinar a
reputação de Lilian Tintori e Leopoldo Lopez, bem como de vários que haviam
apoiado a causa da libertação de presos até o momento.
Caso você estivesse contra a
ditadura bolivariana, qual seria a sua reação diante disto? Espero que se você
for uma pessoa normal, no mínimo uma fortíssima indignação, pois realmente
foram sucessivas traições. O cenário hipotético do caso venezuelano (e
felizmente fictício) demonstraria, na figura do traidor, aspectos como
indignidade, desonra, ausência completa de valores, dissimulação e uma
moralidade no nível “capeta”. Pessoas assim aparentemente são capazes de atrair
os outros em seu favor apenas para torná-las mais vulneráveis à traição. Enfim,
não dá para descer mais baixo do que isso na política.
Se esta história é fictícia
para para Lilian e Mitzy, infelizmente ela é real para a atuação moralmente
nojenta de Alvaro Dias para com seus eleitores e todos os que depositam nele
alguma confiança. Raramente vimos uma puxada de tapete tão grande. Raramente
vimos uma traição de tal dimensão. Raramente vimos tanta arrogância. Raramente
vimos tanto desapego pela honra. E não estou nem me referindo à defesa feitapor Álvaro Dias a Luiz Fachin antes de hoje.
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Imagem: Portal Alvaro Dias |
Existe um marco para Álvaro
Dias. Antes e depois de seu discurso monstruoso na sabatina de Luiz Fachin
nesta terça, 12/05. Até hoje de manhã, ele já tinha jogado sua reputação no
lixo. Coisas como honra e dignidade já tinham ido pro saco. A maioria de seus
eleitores já se sentiam traídos. Mas nada se comparou ao que ele fez hoje. Pois
ao invés de se mostrar envergonhado com tanta indignidade, Dias partiu para um
show alucinado de ofensas e ataques a qualquer um que se opusesse a Luiz
Fachin. Como resumir o que ele fez hoje? Simples. Imagine o que foi a campanha
do PT contra Aécio Neves. Realizou? Foi este o tom que ele usou contra todos
nós, que nos opomos à candidatura de Fachin. Enfim, ele foi para a
desconstrução de inimigos (na visão dele, são todos que se opõem a Fachin) no
nível do esgoto. Parece até que João Santana escreveu sua peça vergonhosa de
ataque.
O jogo sujo de Dias seguiu o
seguinte padrão. Se você é contra Fachin, então significa que você partiu “para
a irracionalidade, para a ignorância, para a vaidade, para o ódio, para a
esquizofrenia política, distante do bom senso, do discernimento e da
ponderação”. Se você é contra a associação de Fachin aos ideais do PT e do Foro
de São Paulo, então é um “oportunista”. Ele, ao contrário, seria um iluminado
que “superou a política”. Logo, seu apoio a Fachin não é político. Mas se você
está contra “é por política”. E mais: se você citar a lei que Fachin descumpriu
então pratica “contorcionismo jurídico”.
Nenhuma propaganda petista de
ataque aos seus oponentes foi tão imunda a este nível. Isto já não é mais
desconstrução. Dias assumiu que a partir de agora ele só tem discurso de ódio e
difamação a ser lançado contra quem ficar no caminho de Fachin. E como se isso
não fosse suficiente, tudo isto com um fingimento digno de assustar o mais frio
dos psicopatas. Enquanto ele dá um tapa da cara de qualquer um que já tenha
votado ou ao menos confiado nele (por sorte, sempre fiquei na desconfiança
precavida), ainda posa de bom moço, com um cinismo bem no estilão Jandira
Feghali. Além de tudo, ele é citado como “a oposição em apoio de Fachin” por
toda a blogosfera estatal. É a famosa oposição me-engana-que-eu-gosto.
O engraçado é que todo esse
potencial de desconstrução misturado com discurso de ódio jamais foi usado
pelos tucanos contra o PT. Apanharam feito cachorros na eleição presidencial. E
eis que agora, após terem sido surrados na eleição presidencial, vemos Álvaro
Dias usar contra as pessoas que estavam do lado dele recursos que nem os
petistas tiveram a coragem de usar contra seus oponentes. Foi só agora que
aprendeste a misturar desconstrução com discurso de ódio? Onde estava essa
habilidade nas eleições? Essa habilidade nunca apareceu para ser usada contra o
PT?
O discurso de Álvaro Dias,
neste 12 de maio, deve entrar para a história como o pior ponto onde a política
pode chegar.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 12-5-2015
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