quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Garantir o que não depende de nós

Rui A.
Vários jornais portugueses têm noticiado que o governo «tem a certeza de que Bruxelas aprova o orçamento».

Por outro lado, ficamos a saber, pelos mesmos jornais, que existem sérias divergências entre a Comissão e o governo português, quanto àquele documento, e que, na próxima sexta-feira, essa instituição comunitária reunirá para tomar decisões a esse propósito.

Ora, ou pressupomos que os comissários europeus são um bando de pataratas, sem opinião própria, que vão simular discutir um assunto que já alguém decidiu por eles, ou teremos de concluir que o governo português está a dar por garantido o que ainda não está decidido e, assim, a enganar os portugueses.

Infelizmente, esta última possibilidade afigura-se bem mais provável do que a primeira, o que revela bem o nível de irresponsabilidade e de desonestidade de quem faz estas coisas.

É preciso cautela com o ridículo
Rui A.
Para exaltar o mito do «chefe heróico que enfrenta os poderosos de Bruxelas para defender o bom povo português», alguns jornais têm-se prestado ao triste papel de publicarem coisas como esta suposta «ameaça» de António Costa passar por cima da Comissão Europeia, caso esta instituição comunitária se negue a dar o aval ao seu orçamento de estado, e ir resolver a coisa directamente com os seus «parceiros» do Conselho Europeu.

Nós sabemos bem que o spin político não tem outra racionalidade que não seja a de tentar convencer a opinião pública daquilo que dá jeito a quem se presta serviços.

Mas, caramba!, há limites e linhas vermelhas para tudo, e o ridículo não deve nunca ser ultrapassado. No caso, presumiu-se a absoluta ignorância e estupidez de quem recebe a «notícia», porque só quem ignore completamente o que seja a União Europeia e as suas instituições pode engolir semelhante patranha. Um pouco mais de esforço não lhes ficaria mal. 
Títulos e Textos: Rui A., Blasfémias, 4-2-2016

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