quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Carta aberta ao Papa Francisco de um judeu convertido

Sua Santidade, o Papa Francisco

Cidade do Vaticano, janeiro 2016

Estimado Santo Padre,

Eu sou judeu. E assim como Menachem Mendel Schneerson de Crown Heights, Brooklyn, tenho certeza que sou descendente direto do rei Davi por parte do meu pai (minha mãe, segundo me asseguraram era descendente de Hillel).

Tenho 74 anos. Me converti à Igreja Católica Romana com a idade de 17 anos no último ano do pontificado do Papa Pio XII. Eu fiz isso porque eu estava sob a convicção de que eu tinha que aceitar e ter fé que Jesus Cristo era meu Salvador, e eu acreditei. E eu acreditei que tinha que ser batizado como um membro de Sua igreja para ter uma chance de salvação. Então eu me converti, fui batizado na Igreja Católica e, em seguida, fui confirmado.

Ao longo dos anos, eu contribuí com dezenas de milhares de dólares tanto para o Óbolo de São Pedro (tesouro próprio do papa com o qual você deve estar muito familiarizado), como com minha própria paróquia e diocese.
Durante esse tempo eu participei de milhares de missas, centenas de horas santas e novenas, recitei milhares de rosários e fiz centenas de viagens ao confessionário.

Agora em 2015 e 2016, eu li as suas palavras e aquelas da sua “Comissão Pontifícia”. Agora você ensina que porque eu sou raça judaica, a Aliança de Deus comigo jamais foi rompida e não pode ser rompida. Nem sequer menciona no seu ensino e de modo específico qualquer coisa que eu pudesse fazer que poderia ameaçar a Aliança que você diz que Deus tem comigo só porque sou judeu. O que você ensina é que essa é uma Aliança impossível de ser rompida. Nem sequer diz que depende de que eu seja uma boa pessoa. Logicamente falando, se a Aliança de Deus comigo é inquebrável, então um judeu de raça como eu pode fazer o que quiser porque mesmo assim Deus manterá a sua Aliança comigo, e eu vou para o Céu.

Sua Pontifícia Comissão escreveu em dezembro passado: “A Igreja Católica nem conduz ou apoia qualquer trabalho de missão institucional específica dirigida aos judeus… de nenhuma maneira significa que os judeus estão excluídos da salvação de Deus, por não crerem em Jesus Cristo como Messias de Israel e como o Filho de Deus”.

Você é o Pontífice. Eu creio que a sua Comissão ensina sob a sua bandeira e sob o seu nome, e naquilo que você disse durante sua visita à sinagoga em janeiro. Como resultado, já não vejo nenhum sentido em me levantar a cada domingo pela manhã para ir à missa, rezar rosários ou ir para o rito da reconciliação na tarde de sábado. Todas essas coisas são supérfluas para mim. Com base em seus ensinamentos, agora que eu sei que tudo se deve à minha superioridade racial aos olhos de Deus, não vejo mais a necessidade de nada disso.

Agora não vejo nenhuma razão pela qual fui batizado em 1958. Não havia nenhuma necessidade para mim de ser batizado. Aliás tampouco vejo nenhuma necessidade para Jesus ter vindo à terra, ou que ele pregasse para os judeus filhos de Abraão em seus dias. Como você menciona, eles já estavam salvos como resultado de sua descendência racial dos patriarcas bíblicos. Para que necessitariam Dele?

À luz do que você e sua Comissão Pontifícia ensinaram-me, parece que o Novo Testamento é uma fraude, pelo menos no que se aplica aos judeus. Todas aquelas pregações e disputas com os judeus não tiveram propósito algum. Jesus tinha que saber disso, e todavia prosseguiu causando um monte de problemas para os judeus, insistindo que tinham que nascer de novo, tinham que acreditar que ele era o Messias, tinham que parar de seguir as tradições dos homens, e que eles não poderiam chegar ao céu, a menos que eles acreditassem que Ele era o Filho de Deus.

Sua Santidade, você e sua Comissão me instruíram no verdadeiro caminho para a minha salvação: a minha raça. É tudo que eu preciso e tudo que eu sempre precisei. Deus tem uma Aliança com os meus genes. São os meus genes que me salvam. Meus olhos estão abertos agora.

Consequentemente, chegarão até vossa Santidade notícias de meu advogado. Eu vou mover um processo contra o Papado e a Igreja Católica Romana. Eu quero o meu dinheiro de volta e com juros, e eu estou buscando indenizações compensatórias e punitivas pelos danos psicológicos que a sua Igreja me causou, ao fazer com que eu cresse que precisava de algo além da minha alta identificação racial para poder ir para o céu depois que eu morrer.

Também estou litigando por causa do tempo que eu perdi, quando eu poderia tê-lo usado trabalhando nos meus negócios ao invés de desperdiçá-la adorando um Jesus, o qual sua igreja agora diz que eu não preciso para minha salvação. Seus prelados e clérigos me disseram algo muito diferente em 1958. Fui roubado!

Atenciosamente,

Pinchus Feinstein

2617646 Ocean View Ave.
Miami Beach, Florida 33239

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