terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Kennedy Alencar e o plano B do PT: convencer os outros de que “Dilma errou” na economia, ao invés de destrui-la intencionalmente

Luciano Henrique

Achando que todos são idiotas, o jornalista petista Kennedy Alencar [foto] tira a carta do plano B do bolso. No fato de ser impossível defender a economia do partido, resta a alternativa típica de qualquer fraudador: ao menos convencer os outros de que se “cometeu um erro” e não uma fraude intencional.

Ele escreve:

O governo Dilma está prestes a cometer mais um erro na área econômica: tentar emplacar uma meta flexível de superávit primário depois de anos seguidos de descumprimento dos objetivos fiscais para manter a dívida pública sob controle. É baixa a chance de sucesso de uma proposta dessa natureza.

A ideia de estabelecer uma banda (um intervalo de flutuação semelhante ao da meta de inflação) faria sentido num outro contexto, no qual o Brasil tivesse cumprido com rigor metas de superávit primário ou numa situação de conforto fiscal, o que não é o caso agora.

Essa ideia poderia ter dado certo na largada da gestão de Joaquim Levy no ano passado, quando o então ministro tinha credibilidade perante o mercado.

O ministro Nelson Barbosa é muito melhor do que o ex-ministro Guido Mantega e que o ex-secretário do Tesouro Arno Augustin. É muito mais responsável fiscalmente e mais preparado tecnicamente.

Mas Barbosa não tem a credibilidade perante o mercado que Levy tinha. Agora, que o ano está começando de fato, o que é um absurdo diante da grave crise econômica do país, a presidente Dilma Rousseff ainda vai pagar a conta completa da substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa.

Desde a queda de Levy no final de 2015, o governo teve tempo para preparar um plano fiscal de longo prazo que fizesse sentido. Propor limite para o crescimento dos gastos públicos é correto. Mas falar em meta flexível de superávit primário só vai transmitir a mensagem errada aos agentes econômicos. É fato que a arrecadação de impostos do governo está caindo. Isso é efeito da recessão criada pelas decisões erradas da presidente Dilma, apesar de fatores externos, de fato, terem agravado esses equívocos do governo.

No entanto, um governo sem credibilidade fiscal não tem como falar em meta flexível. Ou se cumpre a meta de 0,5 ponto percentual de superávit primário em relação ao PIB (Produto Interno Bruoto), ainda que com alto sacrifício, ou se assume uma meta menor.

É incrível lembrar o que o governo dizia há apenas 45 dias. Quando Barbosa assumiu, prometeu cumprir a meta de 0,5 ponto percentual. Dilma deu entrevista falando a mesma coisa. Agora, vão dar um jeito de mascarar o que já sabiam que não fariam.

O Brasil continua com um grave problema: a incapacidade da presidente de lidar com a economia. O país tem um ministro que poderia ter sido a solução em agosto de 2013, quando fazia sentido uma correção gradual de rumos. Mas, em fevereiro de 2016, Barbosa segue as ordens de uma presidente que não admite os erros que cometeu na economia.

Meta fiscal flexível na atual conjuntura será erro político com repercussão econômica negativa. Ou seja, mais descrédito perante os agentes econômicos, o que deverá resultar em menos investimentos e mais recessão.

Blá-blá-blá…

Vamos aos fatos: o PT tinha um projeto de censurar a mídia para esconder os indicadores econômicos ruins, que seriam produzidos como parte inexorável do projeto de poder do partido. Não conseguiram censurar a mídia, deu nisso…

É bom lembrar que, como alguns direitistas não abandonam a fé cega na crença, uma explicação se faz necessária: é claro que um socialista pode alegar que seria melhor para ele que seu projeto de poder não resultasse na destruição da economia, mas isso é o mesmo que um ladrão que acabou de assassinar sua vítima dizer que seria melhor para ele que seus projéteis mortais tivessem como resultado uma pessoa posteriormente ressuscitada, ou que um estuprador que acabou de violar sua vítima dissesse que seria melhor que no futuro ela se declarasse apaixonada, ou, ao menos, livre de traumas. Mas a realidade é diferente dessas possíveis alegações: um socialista com projeto de poder sempre com base em saqueamento estatal sabe que isso vai destruir a economia, tanto quando um assaltante homicida sabe que sua vítima não vai ressuscitar e um estuprador sabe que sua vítima não agradecerá o estupro. Seria melhor para essas pessoas que suas alegações se materializassem? Sem dúvida alguma. Imagine como seria para um assaltante poder sair matando suas vítimas, sabendo que elas ressuscitariam depois e ainda retirassem todas as queixas. Ou então para um estuprador saber que ele vai receber flores de suas vítimas a cada estupro cometido. Mas eles sabem que isso não vai acontecer. Então eles fazem uma troca. Em nome de seu projeto de poder, o socialista faz uma escolha em troca da solidez da economia, assim como um estuprador, em nome de sua violência, faz uma escolha em troca da satisfação de sua vítima. Dizer que o socialista intencionalmente destrói uma economia não é, então, dizer que este é seu principal objetivo, mas o resultado inevitável de suas escolhas, que ele tomou conscientemente em nome de sua ambição única: o poder totalitário.

Mas para poder continuar enganando os outros, o socialista apela ao truque de dizer que “cometeu enganos na economia”, quando na verdade foram escolhas conscientes em nome de um projeto de poder. É o plano B de qualquer fraudador: se for pego na fraude, convencer a patuleia de que “apenas cometeu um erro”. Manifestada especialmente por muitos liberais, a fé cega na crença visa acreditar que “o socialista é cheio de boas intenções que não deu certo”. Mas aos poucos essa crença deve ser escrutinada, pois é uma crença infantil. Isto é, claro, quando manifestada por liberais, pois quando alegada por um socialista é uma baita de uma esperteza sórdida. 

Em suma, nunca foi intenção do PT “arrumar a economia” do Brasil. Vá enganar outro, Kennedy!
Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 16-2-2016

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