Luciano Henrique
Rodrigo Constantino lança uma
crítica interessante em um texto intitulado “Temos um socialista radical do lado democrata, mas a imprensa só fala do ultraconservador de extrema-direita”. Leia, e depois comento:
O resultado em Iowa, que abre
oficialmente a disputa pela vaga nas eleições desse ano, teve duas surpresas.
Em primeiro lugar, a chegada de Ted Cruz à frente de Donald Trump, que terminou
encostado no terceiro lugar, Marco Rubio, pelo lado Republicano. Em segundo
lugar, o empate técnico entre Hillary Clinton e Bernie Sanders [foto] pelo lado Democrata.
Mas a reação da nossa imprensa
é resultado de décadas de lavagem cerebral nas faculdades de jornalismo. Quando
lemos as notícias, mesmo em jornais como “O Globo”, tido como de direita pelos
boçais de esquerda, abundam os termos “extrema-direita” ou “ultraconservador”
para se referir a Ted Cruz, que assusta mais do que Trump por não ser um
fanfarrão excêntrico, e sim um senador sério do Texas, formado em direito por
Harvard e com espantoso currículo de atuação na área jurídica.
Por ser um cristão devoto, o
que é tido como pecado mortal e heresia cruel pelos “tolerantes” da esquerda, e
conservador nos valores, é tratado como um alienígena pela mídia
“progressista”, que domina nosso país (e os Estados Unidos também, não fosse a
Fox News para desbancar a patota, tendo mais audiência que as 3 maiores juntas).
Mas o que defende Cruz, filho de cubano, que gera tanto horror assim em nossos
queridos jornalistas?
Para começo de conversa, ele
defende o respeito à Constituição, algo que Obama não demonstra o menor apreço.
Frisa a importância dos valores tradicionais dos “pais fundadores” o tempo
todo, como se isso fosse algum absurdo reacionário. Ou seja, enaltecer Thomas
Jefferson, John Adams, George Washington e Benjamin Franklin deve ser mesmo
coisa de um neandertal, já que os moderninhos preferem ir de Thomas Piketty…
Cruz quer resgatar ou
preservar os valores que fizeram da América o que ela é: não algo que se deve
ter vergonha e pedir desculpas, como querem os esquerdistas, mas o experimento
mais bem-sucedido da humanidade, casa dos bravos e livres. A campanha de
difamação “progressista” surtiu efeito, porém, e muitos acreditam na narrativa
ridícula de que os Estados Unidos são uma nação que representa a “supremacia
branca opressora”, que deveria sair pelo mundo pedindo desculpas por seu
passado.
Obama, que já era bem radical
à esquerda, é um dos que pensam assim. Ele queria, não custa lembrar,
transformar “fundamentalmente” a América, e só quem não ama deseja
mudar tanto alguma coisa. Hillary Clinton, também de esquerda e inspirada em
gente com Saul Alinsky, vem adotando discurso igualitário e abusando da cartada
das “minorias”, o que vai claramente contra a tradição de mérito individual do
país. São ambos defensores de um modelo de “welfare state” que mais parece com
o europeu, quiçá com o latino-americano.
Mas não são tratados como
radicais pela imprensa. E pior: agora temos um tão radical, mas tão radical,
que faz até Obama parecer moderado! Sim, Bernie Sanders é socialista assumido,
ninguém precisa acusá-lo de ser isso. Ele detona a mídia, o capitalismo, o
mercado, o “sistema”, e quer uma revolução em seu país. Ou seja, poderia estar
disputando pelo PT ou pelo PSOL no Brasil. E não vemos um só rótulo de
extremista colocado nele por nossos jornalistas, os mesmos que chamam Cruz de
“extrema-direita”.
É ridículo, eu sei, e
demonstra o viés esquerdista de nossa imprensa. Mais um motivo para torcer para
Ted Cruz. Mais um motivo para perguntar: onde está a Fox News do Brasil?
Precisamos dela com urgência…
Primeiramente, reclamar da
mídia de extrema-esquerda faz muito bem. E minhas críticas aqui não se referem
a Rodrigo Constantino, mas ao todo dos formadores de opinião republicanos,
sejam eles de direita ou centro, ou até, em alguns casos, de esquerda moderada.
Eu acesso o Feedly e recebo
atualizações de praticamente todos os formadores de opinião de direita. Quase
nunca vejo um deles chamar os petistas, por exemplo, pelo termo adequado:
extrema-esquerda. Ora, se os próprios formadores de opinião se recusam a
atribuir o rótulo “extrema” a quem é extremista mesmo, não vejo como podemos
cobrar que o resto da imprensa faça o mesmo, já que a coisa sempre tem que
começar pelos formadores de opinião alinhados a um dos lados. Somente depois é
que isto se multiplica pela mídia.
A missão é nossa: nós temos
que começar a utilizar os rótulos primeiro – e, nesse caso, estaríamos corretos
ao definir Bernie Sanders como de extrema-esquerda -, e, somente depois de
fazermos isso por alguns anos, avaliar os resultados. Por enquanto, ainda
estamos devendo muitas rotulagens. Como diria Gandhi, “você precisa ser a
mudança que você quer no mundo”. Logo, primeiro devemos mudar a mania de não rotular
o oponente, e, em seguida, vamos cobrar os resultados de nossas ações, que nem
sequer começaram em termos de guerra de rótulos.
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