Valdemar Habitzreuter
“Minha tia faleceu com 100
anos de idade e sempre fumou muito”. São exemplos dessa espécie que enunciamos
para rebater que o fumo possa ser prejudicial à saúde. Sempre avaliamos pelo
que está mais fácil à mente. Não nos detemos a analisar o reverso da moeda,
porque nos parece convincente o que está aí patente, e o contrário nos seria
penoso executar ou provar. Para provar que o fumo faz mal seria necessário
dedicar-se a um estudo científico e isto não estaria ao nosso alcance de
imediato. Preferimos então fazer nossas avaliações com exemplos como o acima
citado. Sofremos de preguiça intelectual.
O bias de avaliação nos sugere
aceitar mais aquilo que observamos, com o qual estamos envolvido
despretensiosamente, do que avaliar aquilo com o qual não estamos familiarizado
e que exige mais esforço para saber sua real relevância. Se fizéssemos uma
pesquisa e perguntássemos às pessoas se as palavras começadas com a letra x
eram mais numerosas do que as palavras em que o x aparecesse como terceira
letra, teríamos como resposta a primeira opção, pelo fato de as pessoas se
lembrarem de antemão mais palavras começando com a letra x. As xaropadas não
exigem esforço de avaliação...
Há um personagem no cenário
político brasileiro que repete exaustivamente sempre o mesmo slogan: “nunca
antes na História desse país...”, e uma multidão a aplaudir quando ouve este
refrão fazendo referência ao progresso que o PT proporcionou ao Brasil. Mas,
esta mesma multidão nunca se questionou da intencionalidade desse slogan, o que
se esconde por detrás desse engodo malévolo. É a tal história: uma mentira
repetida exaustivamente transforma-se numa ‘triste verdade’.
A grande verdade é que o nosso
bias avaliativo é falho, preguiçoso, superficial e sem responsabilidade com as
coisas sérias.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 15-2-2016
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