Valdemar Habitzreuter
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Ilustração: Amarildo |
O Papa Francisco fascina pela
sua espontaneidade e simplicidade. De há muito que a cátedra de Pedro não tem
sido ocupada por alguém compromissado com reformas dentro da Igreja, desde que
João XXIII convocou o Concílio Vaticano II com intuito de atualizar sua
doutrina para os tempos modernos.
Francisco viu e sentiu, ao
chegar em Roma, que a Santa Sé – a personificação jurídica do Vaticano - não
revelava tanta santidade assim. O Papa Bento XVI já se incomodava com a falta
de ética, imoralidade e corrupção que reinava na administração da Cúria, a
ponto de renunciar alegando não ter forças, pela idade avançada, para sanar a
libertinagem reinante.
Também foi um monge
agostiniano que, ao visitar Roma, viu a malandragem e licenciosidade que
imperava no alto comando da Igreja; isto no sec. XVI. Este monge chamava-se
Lutero e encetou uma Reforma que resultou na teologia luterana e consequente
Igreja luterana contrapondo-se aos abusos e desvios dos ideais cristãos da
Igreja católica.
O Papa Francisco é oriundo da
ordem dos jesuítas que se destacam pela sua elevada e diversificada formação
intelectual. Mas ele revelou-se mais franciscano que jesuíta, abraçou a causa
dos que estão à margem dos bens materiais e confortos espirituais – a vida tem
de ser compensatória para todo ser humano.
Pois foi nesta semana que o
Papa esteve novamente em evidência ao visitar Cuba e México. De volta à Roma
concedeu entrevista no avião, como de costume, aos jornalistas sobre pedofilia,
homossexualismo, uso de preservativo para prevenir o vírus da zika, comunhão
aos recasados, etc... Construir pontes em vez de muros (em resposta a Trump) é
dar oportunidade a todos, e isto é ser cristão. Fala desses temas com
sinceridade sem medo de ser mal interpretado ou hostilizado. Temas que outrora
não eram abordados e considerados tabus...
Não é por menos que os
conservadores da cúpula do Vaticano veem no Papa um personagem afeito a uma
reviravolta nos rumos da Igreja que a leve – este é o receio deles - a perder
sua identidade católica tradicional dogmática e se deixe guiar por um
relativismo circunstancial segundo os anseios de seus fiéis. Surgem assim
interpretações sem sentido de ele ser um anti-Cristo.
Mas Francisco sabe muito bem
os rumos a serem tomados: voltar à simplicidade cristã que consiste na
fraternidade universal entre os povos e não importa o credo, gênero e raça. E
isto é ser Representante de Cristo.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 20-2-2016
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