Ana Paula Henkel

Minhas vizinhas são “progressistas
e moderninhas” como é comum no Golden State. Temos divergências ideológicas,
mas a divisão política não faz com que se aceite esse tipo de evento com
crianças. Uma delas exclamou indignada com os olhos arregalados: “arte??!”
quando contei que havia uma tentativa de se cobrir tudo com o manto da
liberdade de expressão criativa e artística. A Califórnia é praticamente o
centro mundial da indústria do filme pornográfico, São Francisco é conhecida
como a capital gay do planeta, a legislação sobre drogas é muito leniente, lembre-se
que não estamos falando de um lugar puritano sob qualquer ponto de vista.
Meus amigos no Brasil que
estão contra as tais exposições de crianças à pornografia, mesmo sob o pretexto
da “nudez na arte”, podem ter certeza de que os xingamentos diários da imprensa
de que são “fundamentalistas religiosos”, “obscurantistas” e “fascistas” não
colariam aqui na América. Pelo contrário, a leniência com a pedofilia é mais
comum em regimes como o de Mao Tsé-Tung na China, o maior assassino da história
da humanidade, ele mesmo um conhecido pedófilo. No país da liberdade de
expressão, sabe-se desde sempre que liberdade caminha lado a lado com
responsabilidade.
Sei que parte do Leblon
acredita que inventou o sexo livre e inconsequente, mas lamento informar que
Sodoma e Gomorra são um pouco mais antigas do que a Dias Ferreira. Calígula, o
exótico imperador romano que tinha alguns dos hábitos “artísticos” que alguns
apartamentos da Vieira Souto consideram modernos, ficaria ofendido se soubesse
que dois mil anos depois um certo balneário do hemisfério sul brigaria para
registrar a patente dos seus prazeres.
A frouxidão moral de alguns
artistas e intelectuais não serve de parâmetro para uma sociedade que respeita
o bom senso, a razão e a sabedoria acumulada por gerações e gerações que
entenderam os males causados pela erotização da infância. O ponto central da
pornomilitância é tirar o foco do que fez a sociedade reagir: as crianças. E
nada mais. Quem eles pensam que enganam mudando de assunto e falando em nudez?
O roqueiro Roger Rocha
Moreira, vocalista do Ultraje a Rigor, quando cantava “Pelado, nu com a mão no
bolso” ainda no final dos anos 80, já provocava os falsos moralistas e falava
por todos nós. Assim como denunciava a “barriga pelada” como a vergonha
nacional, alertava: “indecente é você ter que ficar despido de cultura”. Sem
educação, informação e noção, confunde-se pornografia com arte e aí nem museu
escapa.

Dona Regina, apenas com a
interjeição “e a criança?”, deixou claro que erotização infantil só é cultura
para um pequeno grupo de afetados, arrogantes e alienados que lutam em vão
contra o senso comum. Os cabelos brancos e os trejeitos simples de avó que
acabou de fazer um bolo para os netos desmontou o pensamento único do sofá
“cool” do programa.
Em vez de ideologizar o assédio a crianças, o brasileiro deve mesmo reagir quando se comete um crime a despeito da desculpa. Como já disse numa coluna anterior, há questões muito maiores em jogo do que se você é “Fica Temer” ou “Fora Temer”, se você é de “esquerda” ou “direita”, como bem sabe o diretor do Louvre, o maior e mais importante museu do mundo, ao mandar recentemente retirar uma peça vulgar porque estava à vista de crianças.
Se o Brasil tivesse problemas
com a nudez ou com a exploração vulgar do corpo, como explicar Carnaval, o funk
proibidão e as novelas? A ideia de que “não existe pecado do lado debaixo do
Equador” tem limites, como o brasileiro está deixando claro nos últimos tempos.
Tirem as crianças da sala que
o brasileiro continuará bocejando para peladões carentes de talento e veículos
com cada vez menos audiência, relevância e credibilidade. A classe que pretende
falar em nome dos brasileiros está falando sozinha.
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