terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vinicius

Clube dos Vira-Latas
Olá! Meu nome é Vinicius e sou um filhote de cerca de três meses. Como para todos os cães que nascem nas ruas, nada nunca foi fácil para mim. Vou contar hoje para vocês como é a vida de um filhote que nasce e cresce nas ruas, do dia do nascimento até a emancipação, uma história que conheço bem, pois é a minha história.
Por volta do dia... 45 da gravidez, nossa mamãe começa a procurar e preparar um lugarzinho para nascermos, às vezes abrigado da chuva para as que têm sorte de encontrar um, às vezes não. O parto nunca é fácil e não é incomum que alguns irmãozinhos não sobrevivam. Após o parto, nos primeiros dias, precisamos mamar dezenas de vezes e nossa rotina é basicamente mamar e dormir. Ainda não conseguimos enxergar e nossos olhinhos só se abrirão por volta dos 35 dias de vida. Este é um mecanismo perfeito da natureza, pois sem enxergar, permanecemos sempre no mesmo lugar, facilitando a vida de nossa mamãe.
Para a mamãe também não é nada fácil. Nos primeiros dias ela não sai para se alimentar e dedica-se exclusivamente a nos proteger, muitas vezes, de outros cães ou humanos que ameaçam nos atacar. Nós somos sua prioridade total, acima até de sua própria vida.

Passados os primeiros dias, nossa mamãe precisa se alimentar e começa a nos deixar, no começo por períodos pequenos de tempo para buscar comida. Estes períodos vão então aumentando. Chega o dia então que abrimos nossos olhinhos e nossa mamãe, já muito cansada, algumas vezes exausta pela amamentação e falta de comida, ainda precisa mostrar o mundo para nós e ensinar alguns truques para nos virarmos sozinhos.
Cerca de 75 dias após nosso nascimento, nossa mamãe sai e não volta. Agora estamos por conta própria e dependemos de nossos instintos e do pouco aprendizado para sobrevivermos. Costumamos ficar juntos ainda por alguns dias, mas quase sempre nos perdemos e acabamos sozinhos. Este é o período mais difícil na vida de um filhote, onde muitos não resistem por não encontrarem alimento ou sucumbem a doenças ou acabam sofrendo acidentes ou maus tratos.
No meu caso, eu sobrevivi e hoje tenho cerca de 90 dias. Na semana passada, no entanto, fui atacado por outros cães maiores. Eu não os culpo, pois a fome é muito dolorida e quando encontramos alimento, temos que disputá-lo, não por raiva um do outro, mas para sobrevivermos. Neste ataque, eu fui furado nas costas e torci uma patinha.
Para minha sorte, no entanto, o pessoal do Clube dos Vira-Latas me encontrou e me resgatou. Aqui no abrigo já fui medicado e em breve, irei para adoção. Pelo ou menos agora tenho comida e água fresca e não preciso mais me preocupar com isso.
Penso nos meus irmãozinhos. Não sei onde eles estão, mas gostaria que eles tivessem a mesma sorte que eu tive, de ser resgatado e cuidado por alguém que vá amá-los. Rezo por isso todos os dias.
Uma lambida de filhote em todos.

Foto e Texto: Clube dos Vira-Latas
Vinicius

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