É a pergunta que um “aterrissado” gentil leitor me encaminhou.
O Instituto AERUS de Segurança Social nasceu em 1982.
“Criado
 pela Varig, Cruzeiro e Transbrasil como instrumento de recursos humanos
 voltado tanto para os profissionais da aviação civil quanto para as 
empresas aéreas, o Instituto AERUS de Seguridade Social surgiu em 20 de 
outubro de 1982. O AERUS é uma Entidade Fechada de Previdência 
Complementar (EFPC) que reúne empresas patrocinadoras ligadas ao setor 
aéreo. Em 1981, o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Délio Jardim de 
Mattos, determinou a instituição de um grupo de trabalho que elaborou 
documento embasando o surgimento do AERUS. A criação de uma terceira 
fonte de custeio (a partir da cobrança de uma taxa de 3% incidente sobre
 as tarifas aéreas nacionais) estavam entre as propostas dos 
representantes do Departamento de Aviação Civil (DAC), Ministério da 
Previdência e Assistência Social (MPAS), Federação Nacional dos 
Trabalhadores em Transportes Aéreos (FNTTA) e Sindicato Nacional das 
Empresas Aéreas (Snea) para viabilizar a implantação da entidade, além 
das contribuições de participantes e patrocinadoras. 
Em
 novembro de 1982, o Instituto se instala em sua sede, no Rio de 
Janeiro, onde permanece até hoje. No dia 1º de julho de 1983, o AERUS 
concede a sua primeira aposentadoria. Na época, contava com 18.636 
participantes ativos e oito patrocinadoras.”
O
 objetivo, louvável, foi o de criar um pecúlio, um fundo de poupança, 
que permitisse aos trabalhadores da aviação civil brasileira, quando se 
aposentassem, usufruir de uma suplementação do benefício da 
aposentadoria oficial. Para isso, para ir enchendo o cofrinho, três 
fontes de recursos foram decididas:
1) o trabalhador, que descontava um percentual do seu salário;
2) as empresas, que acrescentavam um percentual do salário do trabalhador;
3)
 o governo federal. Este “cobrava” 3%  sobre as passagens aéreas 
nacionais  e repassava para o instituto. Era a “terceira fonte”. Mas o 
governo através do Departamento de Aviação Civil (DAC) decidiu extinguir
 o recolhimento  20 anos antes do previsto, em decisão unilateral.
No
 início, nos primeiros anos,  os trabalhadores aderiam por “livre e 
espontânea vontade”. Posteriormente, eles aderiam, simplesmente, sem 
perguntas. Ou então…
A Varig começou a reter (lá pelos idos de 1983) os valores que descontava dos seus funcionários e, claro, tampouco aportava a parte que lhe cabia. E pedia prazos e mais prazos. Prometia pagar depois. Não pagava quando chegava o “depois”. Os dirigentes do instituto eram ou tinham sido (ou seriam depois) funcionários da Varig. Foram assinadas 21 negociações, repactuações, enfim…
A essa promiscuidade entre galinhas, frangos, pintinhos e raposas e lobos, e às falcatruas contábeis, a SPC
 – Secretaria de Previdência Complementar, órgão do Governo Federal 
encarregado e responsável por supervisionar e fiscalizar os fundos de 
previdência privada, a tudo assistia colossalmente impávida. Mesmo 
quando a Varig deu como garantia de pagamento (futuro) um imprevisível 
resultado de uma ação judicial junto ao STF – Supremo Tribunal Federal. 
Uma iniciativa inédita no mundo, como nunca antes neste país. É a 
mesmíssima coisa que eu oferecer como garantia à minha ex-empregada  que
 reivindicava no Tribunal do Trabalho o pagamento de salários atrasados 
no valor de, digamos, cinco mil-réis, o resultado (imprevisível) de uma 
ação que eu movia contra a NOT – TV a manivela, no valor de, digamos, 
dez mil-réis, SE e QUANDO ganhasse essa ação. E, inacreditavelmente, a 
minha ex-empregada ACEITAR com a APROVAÇÃO do Ministério do Trabalho 
(!!)
Pois bem, a SPC, o órgão FISCALIZADOR
 quando sentiu que o barco adernava, começou a tirar o cavalo da chuva 
(interveio) e antes do afundamento embarcou num bote especial e 
mandou-nos, a todos nós, irmos nos queixar ao bispo.
E
 nós, obedientes , faz quase cinco anos, fomos ao bispo, sim senhor. 
Fomos também ao cardeal, procuramos abades, escrevemos ao Papa, como 
escrevemos a torto e a direito para a imprensa, presidente da república,
 senadores, deputados, ministros dos tribunais superiores, até à Sra. 
Dilma Roussef nossos diligentes, combativos e ferozes representantes 
classistas entregaram uma carta. (!)
Vai fazer cinco anos, em abril de 2011.
 Os trabalhadores demitidos da finada Varig que ainda não receberam o 
que lhes é devido, de direito, pela lei laboral, não sabem onde estão as
 suas poupanças, sequer se existem, ainda. Os aposentados e pensionistas
 estão recebendo  SÓ 8% do que deveriam receber. Todos eles veem 
acontecer leilões. Isto é, o instituto vai vendendo o que ainda sobra 
para, segundo o bondoso instituto e acreditam os diligentes, combativos e
  ferozes
 representantes classistas, poder ir  pagando  as merrecas aos 
beneficiários. Tudo muito cristão, solidário. Até não sobrar mais nada 
do património!
O
 governo, ah! o governo a tudo assiste, colossalmente impávido, e diz 
que a competência é do Judiciário. O Judiciário faz ouvidos de mercador,
 não julga a ação que poderá nos injetar esperança em alcançar o céu, ou
 nos mandar definitivamente para o inferno.
Mas tanto um como o outro escolheram um meio mais eficaz de solucionar o problema: o cemitério!
 Porque todos nós, os participantes do Instituto AERUS de Seguridade 
Social para lá iremos. E a cada ida de um de nós diminui o volume do 
problema que causamos ao governo e ao judiciário. Eles aguardam, 
placidamente. Dá gosto vê-los.
Escrito originariamente em 30 de junho de 2010
Participe, por favor, na Causa "Presidenta Dilma, AJUDE os ex-trabalhadores da Varig!"
 

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