João Bosco Leal
Normalmente resistimos em
aceitar muitas coisas que nos acontecem, principalmente as perdas e
independentemente do motivo que as provoca, nunca queremos nos distanciar
daqueles que gostamos, amamos.
Isso é mais facilmente
observado quando os filhos resolvem sair da casa dos pais para estudar,
trabalhar ou para viver com outra pessoa. O sentimento mais comum que aflora
nesses pais é a preocupação com tudo o que pode ocorrer no mundo “lá fora”.
Sabíamos, desde o nascimento
destes, que um dia teriam de viver a própria vida, sem a proteção do lar e
tivemos todo o tempo para prepará-los, mas incrédulos, não aceitamos quando
chega essa data. Onde e com quem vai morar, o que comerá e milhares de coisas
nos preocupam nesse momento.
Sem percebermos estamos sendo
extremamente egoístas, pois a partida de um filho, além de prevista, é um
direito seu, de construir a própria vida, agora com os alicerces por ele
fincados e arcando com as consequências de sua solidez.
A nossa responsabilidade era a
de ensinar-lhe que a vida, assim como uma casa mal construída, sem as fundações
necessárias, acabaria trincando ou até desabando, mas passado o período da
instrução, nada mais podemos fazer além de observar como ele construirá a sua.
Passarão por muitas
experiências desnecessárias, algumas sobre as quais já haviam sido informados,
e como todo jovem, mesmo que depois se arrependam, queria realizá-las, achando
que com eles o resultado poderia se outro.
As escolhas que agora
realizará, assim como os resultados destas, serão de sua única responsabilidade
e não poderemos mais interferir. Não seremos mais consultados e mesmo quando
tentarmos dar alguma opinião, normalmente ela será recusada. Só nos restará,
quando possível, acudir.
Foi o que ocorreu com nossos
bisavós, avós, pais, conosco e agora com nossos filhos. Nada mudou, mas
insistimos em não aceitar que os filhos, os amigos, as paixões e os amores não
nos pertencem, mas são seres distintos, com desejos, ambições e necessidades
próprias, que não necessariamente são as mesmas que as nossas.
Não queremos aceitar que,
assim como os filhos que um dia resolvem partir, aqueles que de nós um dia se
aproximaram também podem, por algum motivo, querer se afastar, ou por não
sermos o que pensavam que fôssemos ou simplesmente por, com o tempo, terem
mudado seu desejo.
É normal que nessas ocasiões
fiquemos tristes, chateados, mas pensando bem, nas duas hipóteses possíveis –
se não gostávamos mais da pessoa ou se ela não gostava mais de nós-, não há
razão para continuarmos juntos, pois em nenhum dos casos seremos felizes.
Durante nossas vidas – por
motivos e de formas diversas-, ocorrem muitas perdas, comerciais,
profissionais, amorosas ou por morte e nada podemos ou devemos fazer além de
aceitá-las, pois quando as perdas são aceitas como parte da vida, não há chance
para o surgimento de sentimentos negativos.
Devemos aprender a amar sem
pretender ter a posse do que nunca foi nosso, seja um filho, uma paixão ou um
amor, aproveitando o que e enquanto temos, porque de nada adiantará lutar pelo
que já se foi. O que para nós é perda, para o outro talvez seja um ganho, em
sua busca de ser mais feliz, em novo lugar, com outra profissão ou pessoa e, se
realmente a amamos, sua felicidade é o que importa.
Às vezes é necessário aceitar a falta da presença física dos que
amamos, para que sejam felizes, mesmo que longe de nós.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal, jornalista, escritor, articulista político e produtor rural, 05-03-2012
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