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Rio de Janeiro, foto: Ricardo Moraes/Reuters
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Milhares de pessoas prometeram voltar este sábado à rua para o "Maior Protesto
do Brasil", um movimento nacional convocado através das redes sociais a
pretexto da comemoração do Dia da Independência do país. A polícia foi
mobilizada para mais de 130 cidades do país, e autorizada a usar a força para
responder a actos de violência.
Antecipando a mobilização, a
Presidente brasileira, Dilma Rousseff, pronunciou-se na televisão sobre a indignação popular e o desejo de mudanças, vociferado
por milhões em marchas e protestos desde o mês de Junho. “O povo tem o direito
de se indignar”, considerou. “Infelizmente ainda somos um país com serviços
públicos de baixa qualidade”, admitiu, para logo contrapor que, apesar do
descontentamento, houve uma rápida evolução das condições de vida da população.
“Há igualmente um Brasil de grandes resultados, que não podemos deixar de
enxergar e reconhecer”, sublinhou.
A Presidente referiu-se à
resposta do seu Governo às exigências das manifestações, enumerando os vários
“pactos” que propôs ao Congresso – para a educação, saúde ou reforma política.
Dilma estimou que a aprovação
do projecto de lei que consagra a canalização de 75% das receitas da exploração
das reservas petrolíferas do pré-sal para o sistema de ensino será um dos
principais legados do seu Governo – “garantindo benefícios à população
brasileira por, no mínimo, 50 anos”, disse. A proposta sofreu várias alterações
no processo legislativo: a ideia inicial era canalizar 100% dos rendimentos
obtidos com o pré-sal para a educação.
Dilma também defendeu o seu
programa “Mais Médicos”, que foi alvo de duras críticas por parte de
organizações brasileiras da saúde, que contestam a contratação de médicos
estrangeiros. “O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em
hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da
população pobre”, lembrou a Presidente, que classificou a decisão do Governo de
recorrer a médicos do exterior para preencher vagas deixadas em aberto por
brasileiros como “uma decisão a favor da saúde”.
“O país tem uma grande dívida
com a saúde pública que tem que ser resgatada o mais rápido possível”,
reconheceu, garantindo que mesmo contra as críticas das entidades
profissionais, “o Mais Médicos está se tornando uma realidade”.
Uma outra realidade é a da
reforma política. Dilma Rousseff considerou que a proposta de decreto
legislativo que foi entregue no Congresso na semana passada, para a convocação
de um plesbicito era “um bom passo”, apesar de muitas das suas ideias não estarem
vertidas no documento.
O discurso televisivo de Dilma
– que foi gravado antes de a Presidente viajar para a Rússia para participar na
cimeira do G20 – motivou a apresentação de uma queixa à Justiça Eleitoral do
PSDB, maior partido da oposição, por propaganda antecipada. Segundo denunciou à
Folha de S. Paulo o senador Aécio Neves, putativo candidato presidencial dos
tucanos, “o Brasil não tem mais uma Presidente da República, só uma candidata
desesperada por recuperar os índices de popularidade perdidos”.
Para Aécio, Dilma “ultrapassou
todos os limites e desrespeitou o povo brasileiro ao transformar um espaço
institucional da presidência em mero horário eleitoral”, retomando “práticas
que se consideravam banidas da política brasileira e inimagináveis desde que a
população foi às ruas exigir austeridade e respeito às instituições e à ética”.
Título e Texto: Rita
Siza, Público,
07-9-2013
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