quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A minha resposta aos extremistas

Qualquer pensamento ou proposta que ouse sair do círculo definido pela elite é imediatamente rotulado.

André Ventura

O politicamente correto enraizou-se de tal forma nas elites portuguesas que deixámos de admitir outros cenários, mesmo que se aproximem muito mais daquilo a que vulgarmente designamos como a realidade das coisas. Qualquer pensamento, palavra ou proposta que ousem sair desse círculo definido pela elite bem pensante dos políticos de carreira ou dos comentadores do sistema são imediatamente atacados e rotulados. Extremista. Racista. Populista. Tudo serve para descredibilizar, para denegrir e para humilhar quem pense diferente, quem queira chamar as coisas pelos nomes, quem queira assumidamente fazer diferente daquilo que foi executado nos últimos 40 anos.

Nas últimas semanas, um conjunto de políticos e comentadores profissionais, bem instalados nos tachos que o sistema oferece e autoconvencidos da sua inquestionável supremacia intelectual, coordenaram-se entre si num ataque sem precedentes à minha dignidade e à minha imagem pública. Animal, porco, racista ou populista sem coluna vertebral foram alguns exemplos de expressões utilizadas sem qualquer filtro ou cautela – muitas vezes em horário nobre ou nas páginas de jornais diários - de forma intencional e maldosa.

Não responderei neste registo, embora não deixe de notar que os zelosos polícias das palavras e do pensamento sejam precisamente aqueles que habitualmente gritam aos quatro ventos pela liberdade de expressão e de opinião. Claro que, sendo muitos deles os mesmos que defendem as virtudes da democracia venezuelana ou o caráter impoluto de José Sócrates na gestão dos dinheiros públicos, me afetam muito pouco. Mas isso sou eu!

Se estão à espera que me cale, que me acanhe ou que venha pedir desculpa pelo que disse, podem continuar sentados nas vossas confortáveis e aburguesadas poltronas. Se pretendem que ignore as verdadeiras preocupações e anseios das pessoas em nome de um qualquer código de conduta do politicamente correto, é porque não me conhecem minimamente, nem aos valores que transporto comigo.

Disse-o e repito: o Estado está a falhar. Tem medo de intervir e complexos que há muito deviam estar ultrapassados. Finge tratar todos por igual, quando na verdade é o primeiro a permitir diferenciações e estados de exceção que estão à vista de todos.

Bairros em que a polícia dificilmente consegue entrar, mas aos quais preferimos fazer vista grossa. Subsídios sociais pagos com os nossos impostos e que são levantados com o Mercedes ou o Audi à porta da Segurança Social, mas que preferimos ignorar deliberadamente. Distúrbios frequentes e uma cultura de medo e violência a que o Estado responde assobiando para o lado. Como se o problema deixasse de existir por magia ou por força da cartilha do politicamente correto. Não deixa. Não desaparece. E agrava-se ainda mais.

O problema é que estes senhores sabem perfeitamente aquilo de que estou a falar. E preferem varrer tudo para debaixo do tapete em nome de uma qualquer bíblia ideológica que já nada diz aos portugueses. Pior: refugiam-se nos seus espaços de opinião e fogem ao debate democrático quando chamados ao confronto de ideias.

São verdadeiros cobardes do regime. Francisco Louçã é apenas mais um exemplo. Foi fácil apelidar-me de racista ou de simples comentador desportivo. Difícil, muito mais difícil, é aceitar o meu repto para o debate.

Acho que os portugueses já perceberam tudo.
Título e Texto: André Ventura, Correio da Manhã, 10-8-2017

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