A partir de hoje, o leitor do
EXTRA passará a encontrar, em nossas páginas do jornal impresso e no site, uma
expressão que, até então, nossos jornalistas evitavam: guerra do Rio. Não se
trata de uma simples mudança na forma de escrever, mas, principalmente, no
jeito de olhar, interpretar e contar o que está acontecendo ao nosso redor.
O EXTRA continuará a noticiar
os crimes que ocorrem em qualquer metrópole do mundo: homicídios, latrocínios,
crimes sexuais... Mas tudo aquilo que foge ao padrão da normalidade
civilizatória, e que só vemos no Rio, estará nas páginas da editoria de guerra.
Um feto baleado na barriga da mãe não é só um caso de polícia. É sintoma de que
algo muito grave ocorre na sociedade. A utilização de fuzis num assalto a uma
farmácia não pode ser registrada como uma ocorrência banal. A morte de uma
criança dentro da escola ou a execução de um policial são notícias que não
cabem mais nas páginas que tratam de crimes do dia a dia.
A criação da editoria de
guerra foi a forma que encontramos de berrar: isso não normal! É a opção que
temos para não deixar nosso olhar jornalístico acomodado diante da barbárie.
Temos consciência de que o
discurso de guerra, quando desvirtuado, serve para encobrir a truculência da
polícia que atira primeiro e pergunta depois. Mas defendemos a guerra baseada
na inteligência, no combate à corrupção policial, e que tenha como alvo não a
população civil, mas o poder econômico das máfias e de todas as suas
articulações.
Sabemos que não há solução
fácil nem mágica para o problema. Guerra pressupõe vitórias, derrotas, avanços,
recuos, acertos e erros. É preciso paciência e consciência de que nada será
resolvido a curto prazo. Mas temos a esperança de perder, um dia, o título de
ser o único diário do planeta a ter uma editoria de guerra num país que se
recusa a reconhecer que está em guerra.
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