Humberto Pinho da Silva
Recentemente, narrei o grande amor de Júlio Dinis pela menina Henriqueta, companheira de
folguedo do escritor e pupila do Senhor Reitor de Grijó (Gaia).
Parece-me, portanto, oportuno abordar agora a primeira obra do escritor, publicada em folhetins, a 12 de maio de 1866, no "O Jornal do Porto", e mais tarde reunido em livro, em outubro de 1867. Edição que se esgotou no prazo de um mês!
Júlio Dinis nunca foi
ilustre desconhecido, seu talento como médico era notório, mas ninguém o
conhecia como notável escritor, nem o próprio pai, o Dr. Gomes Coelho.
Várias vezes o progenitor
chegou a prosear com amigos sobre quem seria o neófito escritor, que escrevia
os folhetins no jornal portuense.
Até que um dia, tendo ido
ao quarto do filho, encontrou surpreso sobre a secretária, manuscritos que lhe
despertaram curiosidade.
Ao ler as primeiras
linhas, imediatamente descobriu que o jovem que escrevia o folhetim para
"O Jornal do Porto" era, nem mais nem menos, seu filho.
Pinheiro Chagas, Alexandre Herculano, entre outros, até o "briguento" Camilo em carta a Castilho, escrevia, referindo-se ao autor das "Pupilas do Senhor Reitor": Aquilo é rebate de entroixar eu a minha papelada e desempeçar a entrada á nova geração.
Será que ao escrever
"As Pupilas”, o primeiro romance, Júlio Dinis inspirou-se na Henriquinha,
a menina que, desde pequena, exerceu séria influência na sua curta existência?
Creio que sim.
Daniel, filho do José das
Dornas, o rapaz que aprendia latim e nutria especial afeição pela pastorinha,
chamada Margarida. Mais tarde, formado em medicina – o mesmo curso de Júlio
Dinis – regressou à aldeia e encontra a amiga de infância, já mulher, que ainda
nutre afeição pelo rapaz, que aprendia latim. Margarida a pegureira, não será a
figura disfarçada de Henriqueta?
Em muitas obras do
escritor, a Henriqueta, surge, de forma mais evidente. É natural. Não era a
menina, sua companheira de infância e seu grande amor?
Título e Texto: Humberto
Pinho da Silva, dezembro de 2024
[Leituras] As pupilas do senhor reitor
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Os amores de Guilhermino e Henriqueta ou a grande paixão de Júlio Dinis (continuação)
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A gatinha Lúcifer
Deus não condena a riqueza
O valor das coisas depende de quem é
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