quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

[Daqui e Dali] O primeiro livro de Júlio Dinis

Humberto Pinho da Silva

Recentemente, narrei o grande amor de Júlio Dinis pela menina Henriqueta, companheira de folguedo do escritor e pupila do Senhor Reitor de Grijó (Gaia).

Parece-me, portanto, oportuno abordar agora a primeira obra do escritor, publicada em folhetins, a 12 de maio de 1866, no "O Jornal do Porto", e mais tarde reunido em livro, em outubro de 1867. Edição que se esgotou no prazo de um mês!

Júlio Dinis nunca foi ilustre desconhecido, seu talento como médico era notório, mas ninguém o conhecia como notável escritor, nem o próprio pai, o Dr. Gomes Coelho.

Várias vezes o progenitor chegou a prosear com amigos sobre quem seria o neófito escritor, que escrevia os folhetins no jornal portuense.

Até que um dia, tendo ido ao quarto do filho, encontrou surpreso sobre a secretária, manuscritos que lhe despertaram curiosidade.

Ao ler as primeiras linhas, imediatamente descobriu que o jovem que escrevia o folhetim para "O Jornal do Porto" era, nem mais nem menos, seu filho.

Pinheiro Chagas, Alexandre Herculano, entre outros, até o "briguento" Camilo em carta a Castilho, escrevia, referindo-se ao autor das "Pupilas do Senhor Reitor": Aquilo é rebate de entroixar eu a minha papelada e desempeçar a entrada á nova geração.

Será que ao escrever "As Pupilas”, o primeiro romance, Júlio Dinis inspirou-se na Henriquinha, a menina que, desde pequena, exerceu séria influência na sua curta existência? Creio que sim.

Daniel, filho do José das Dornas, o rapaz que aprendia latim e nutria especial afeição pela pastorinha, chamada Margarida. Mais tarde, formado em medicina – o mesmo curso de Júlio Dinis – regressou à aldeia e encontra a amiga de infância, já mulher, que ainda nutre afeição pelo rapaz, que aprendia latim. Margarida a pegureira, não será a figura disfarçada de Henriqueta?

Em muitas obras do escritor, a Henriqueta, surge, de forma mais evidente. É natural. Não era a menina, sua companheira de infância e seu grande amor?

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, dezembro de 2024

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Deus não condena a riqueza 
O valor das coisas depende de quem é 

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