sábado, 11 de janeiro de 2025

[Versos de través] Soneto

Não é fácil supor nem precaver 
Qualquer coisa na vida que arrastamos,
Porque nunca, sem dúvida, evitamos
Aquilo que nos tem de suceder.

Caímos no receio de viver;
E a pouco nos familiarizamos
Com a atitude inútil que pensamos
Tomar para o que vai acontecer…

E esse caso previsto chega e vem
no desejo da grande precaução
que não serve, afinal, para ninguém!

A vida surpreende a cada passo;
E sem a humana e mesquinha intervenção
Resolve o mais difícil embaraço.


António Botto
Dedicado à Senhora Doutora Dona Maria Luísa Forjaz de Sampaio
Faculdade de Ciências, Queima das Fitas, Coimbra, 1967

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