sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Direita reage após Bolsonaro indicar Flávio à disputa pela presidência

Camila Abrão, Wesley Oliveira e Vinícius Sales

Parlamentares de direita e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram a reagir, na tarde desta sexta sexta-feira (5), ao anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à presidência da República em 2026. Flávio disse ter sido escolhido pelo pai para a disputa. 

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chegou a demonstrar interesse em disputar a presidência, apoiou o irmão. "Enfrentar o atual regime de exceção exige uma força de espírito que poucos têm. Meu irmão poderia, com toda justiça, escolher o caminho mais simples: viver sua vida em paz, longe dos ataques, das injustiças e dos perigos de enfrentar aqueles que esmagam cidadãos comuns e inocentes em nosso país. Mas ele não o fez. E não o fez porque aprendeu, com o exemplo vivo do nosso pai, que a dignidade cobra um preço e que fugir da responsabilidade é negar aquilo que somos chamados a fazer. Ele aceitou esse desafio gigantesco mesmo sabendo o tamanho das dores que isso traria", escreveu em seu perfil no X.

Eduardo também clamou por união na direita. "Deixemos nossas diferenças para trás. Não é hora de disputas menores. É hora de proteger aquilo que nenhum povo pode perder. Nenhum interesse pessoal pode se sobrepor ao destino de uma nação", concluiu.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, endossou a decisão do ex-presidente. "Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura. Então, se Bolsonaro falou, está falado!", disse o dirigente.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também foi sondada como possível candidata a presidente da direita em 2026, deu apoio ao enteado. "Que Deus te abençoe, Flávio Bolsonaro, nesta nova missão pelo Brasil. Que o Senhor te dê sabedoria, força e graça em cada passo. E que a mão d'Ele conduza o teu caminho para o bem da nação", disse.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), compartilhou a nota oficial do PL e disse que estará junto com “Flávio presidente em 2026”. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também demonstrou apoio a Flávio.

"Estaremos juntos na construção de um projeto que represente os valores do povo brasileiro que ama nossa bandeira, sintetizados no respeito à família, na liberdade religiosa, no livre mercado e na liberdade de expressão. Flávio, conte comigo!!", disse o líder, em nota.

O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), reforçou o pedido por união da direita. "Nossa missão para 2026 é uma só: manter a oposição unida e devolver o Brasil ao caminho da responsabilidade, da liberdade e da prosperidade. Toda sinalização do presidente Bolsonaro — como a indicação do senador Flávio — é recebida com respeito, responsabilidade e entusiasmo", escreveu.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) parabenizou o senador. “O presidente Jair Bolsonaro decidiu: Flávio será o candidato do partido à presidência da República. Parabéns, Flávio! Conte comigo!”, disse Kicis.

“Escolhido por nosso presidente, vamos eleger meu líder Flávio Bolsonaro e derrotar o sistema/PT. Para cima!”, disse o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). Para o deputado Mário Frias (PL-SP), Flávio “conhece o sacrifício e carrega, no sangue e no caráter, a mesma coragem que tirou o Brasil do trilho da velha política”.

“Eu não sou desses que mudam de lado ao sabor do vento. Sou soldado do presidente Bolsonaro, e isso significa lealdade, compromisso e prontidão para a batalha que vier. Se o presidente escolheu Flávio, então o meu apoio é total. E ao Brasil, eu digo: preparem-se. Porque quando a verdade se levanta, nenhum sistema consegue parar”, enfatizou Frias.

O jornalista Paulo Figueiredo disse que a candidatura de Flávio à presidência conta com seu “integral apoio”. “E, na minha humilde opinião, deve contar com enorme entusiasmo da base bolsonarista. Será uma guerra dura, mas não haverá outra oportunidade”, afirmou.

Outros nomes da direita no Congresso também declararam apoio à Flávio, como os deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Gilvan da Federal (PL-ES), Daniel Freitas (PL-SC) e Gilberto Silva (PL-PB).

Líder do PT diz que escolha de Tarcísio seria “beijo da morte” para Bolsonaro

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a indicação de Flávio era um movimento “previsível” de Bolsonaro, pois a escolha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seria o “beijo da morte para a família Bolsonaro”.

“Os marqueteiros do Tarcísio e do Centrão iriam trabalhar para esconder e construir uma política de apagamento do Bolsonaro. Ele seria esquecido na prisão.
Para nós, o nome do candidato é indiferente. O Lula vai ser reeleito presidente porque a vida do povo está mudando”, afirmou Lindbergh.

Apesar de sempre negar, Tarcísio era o principal cotado para substituir o ex-presidente na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. O governador afirma que tentará a reeleição.

Em nota, o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, não citou o nome de Flávio, mas ponderou que os "últimos acontecimentos apenas reforçam" que "em 2026, não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro".

Rueda lidera a superfederação União-PP junto com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que defende a candidatura de Tarcísio em 2026.

Antes de Flávio confirmar a decisão do pai, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse que a escolha seria entregar a reeleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Se o Flávio for o candidato, vai ficar isolado na extrema-direita. É entregar a eleição para o Lula, deve ter combinado com ele. Está fazendo o jogo do PT”, disse o parlamentar à coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo.

Paulinho é o relator do projeto de lei da dosimetria. A proposta visa diminuir as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e pode beneficiar Bolsonaro.

Título e Texto: Camila Abrão, Wesley Oliveira e Vinícius Sales, Gazeta do Povo, 5-12-2025, 18h17

Um comentário:

  1. Muita gente aponta para a esquerda como responsável pela onda autoritária no Brasil — que culminou na prisão do principal líder da direita, após a perseguição e detenção de centenas de pessoas. No entanto, poucos mencionam a responsabilidade do Centrão nesse processo.
    O Centrão quer Bolsonaro preso porque se sente ameaçado pelo movimento que ele impulsionou e que o levou à Presidência. Agora, deseja mantê-lo fora da disputa para eleger alguém mais alinhado aos seus interesses. Sua prisão torna-se, assim, moeda de troca: o objetivo é negociar um acordo que garanta a transferência de votos para o candidato do grupo — no caso, o governador Tarcísio.
    Liberdade, ou semiliberdade, em troca de apoio.
    A sinalização de que Bolsonaro poderia apoiar a candidatura de seu filho, Flávio, provocou verdadeiro pânico no mercado hoje. Talvez Bolsonaro enfim tenha percebido o erro de confiar em certos “aliados”, como Temer — desde a trágica carta de desculpas a Moraes, que se tornou o prego definitivo em seu caixão político.
    A informação sobre o apoio a Flávio ainda não foi confirmada, mas a reação do mercado mostra como o “Trade Tarcísio” tem sido o grande motor da alta da Bolsa e da queda do dólar nos últimos meses.
    Não acredito que permitirão que Flávio seja candidato. Como sabemos, bastam algumas canetadas supremas para retirá-lo da disputa — ou até mesmo prendê-lo. Mas, sem o apoio explícito de Bolsonaro, as chances do candidato do Centrão diminuem sensivelmente.
    A verdade é que se o establishment quiser, independentemente da esquerda, Bolsonaro é solto amanhã, assim como os perseguidos políticos.

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